Zona tampão
A Turquia pretende criar uma “zona tampão” na fronteira com a Síria, concretamente na parte Sul daquele país e Norte do seu território. O país de Tayep Erdogan vive a braços com uma rebelião dos curdos há mais de 50 anos e, numa altura em que a zona nordeste da Síria se encontra como “uma terra de ninguém” que os rebeldes curdos aproveitam, têm razão os turcos.
Na verdade, todos os países que se confrontam com vizinhos, cujas fronteiras servem como rampa de lançamento de ataques contra o seu território, acabam não tendo muitas alternativas. A diplomacia entre a Síria e a Turquia não jogou o seu papel esperado na medida em que, particularmente, a Síria nunca cumpriu rigorosamente com as disposições dos compromissos assumidos. Falo do Acordo de Adana, assinado curiosamente num mês como esse, em 1998, e que visava terminar com a colaboração entre o então Governo do Presidente Bashar al Assad e os rebeldes curdos.
E na verdade, inicialmente, a Síria respeitava os acordos até que mais tarde deixou de fazêlo, levando a Turquia a tomar as medidas que está agora a tomar. É verdade que, do ponto de vista político, militar e até humanitário, as consequências são sempre desastrosas. Mas os países que agora se opõem com a alegação de que a intervenção viola o espaço territorial de um país soberano, nomeadamente os Estados Unidos, não têm moral para esse tipo de exercício propagandístico, inclusive porque até muito recentemente tinham tropas estacionadas na Síria, sem o convite das autoridades sírias. BRÍGIDA CAMPOS Cacuaco