Julgamento de Jacob Zuma adiado para 4 de Fevereiro
O julgamento do ex-Presidente da África do Sul, Jacob Zuma, por alegado favorecimento ao grupo francês Thales num contrato de armamento, marcado para esta terça-feira , foi adiado, com o advogado de defesa a informar que ia contestar as acusações.
Segundo revelou, ontem a Reuters, a decisão foi anunciada no Tribunal Superior de Pietermaritzburg, na província sul-africana de KwaZulu-Natal (leste), e a próxima audiência foi marcada, provisoriamente, para 4 de Fevereiro.
A África do Sul aguarda com expectativa esta audiência, desde a semana passada. A justiça sul-africana negou o requerimento apresentado pelos advogados de Jacob Zuma para que lhe fossem retiradas todas as acusações, alegando que tinham motivos políticos, que houve muitos atrasos que dificultaram o trabalho da defesa e que, em suma, não estava garantido um julgamento justo.
Essa decisão da justiça abriu caminho para o julgamento começar terçafeira, decorrido mais de um ano de prorrogações e providências preliminares, mas a intenção da defesa de Jacob Zuma de contestar as acusações perante uma instância superior deixa o julgamento novamente suspenso.
“O Sr. Zuma está pronto para enfrentar esse julgamento há mais de 14 anos”, disse o seu advogado, Thabani Masuku, antes de esclarecer que, no entanto, o ex-Presidente “pretende exercer todos os seus direitos constitucionais, o que inclui o direito de recorrer”. Assim, a defesa terá até Novembro para interpor o recurso.
Por seu lado, o procurador do caso, Billy Downer, sublinhou durante a audiência que o Ministério Público está pronto para iniciar o processo e que argumentará contra o apelo anunciado pela defesa de Zuma.
No final da sessão, o exPresidente, entre 2009 e 2018, recebeu o apoio de várias centenas de seguidores que se reuniram em Pietermaritzburg para mostrar a sua solidariedade.
O ex-Chefe de Estado e os seguidores enfatizaram a tese de que Zuma é vítima de “uma caça às bruxas”. A multidão, no entanto, foi menor agora do que em outras ocasiões, uma vez que, de acordo com a comunicação social local, Zuma já não terá recursos para alugar autocarros para transportarem os seguidores.
Os órgãos de comunicação local têm especulado sobre uma potencial falta de capacidade financeira do ex-Presidente para enfrentar o julgamento, se tivesse começado agora.
Neste processo, Jacob Zuma é acusado de associação ilícita, corrupção, lavagem de dinheiro e fraude por envolvimento em 800 operações, supostamente fraudulentas, a favor de um contrato milionário de aquisição de armamento assinado no final dos anos de 1990 com a empresa francesa Thales.