Jornal de Angola

Ambulância, um craque na jornada do Girabola

- Honorato Silva

Muito desejado pela tribo do futebol angolano, sobretudo depois do final da carreira de Paulo Figueiredo, talentoso jogador que fazia luz no meio campo dos Palancas Negras, o “Ambulância” foi o craque da última jornada do Girabola. À partida, um grande reforço para a Selecção Nacional, já em Novembro, frente à similar da Gâmbia, na corrida à Taça de África das Nações de 2021, nos Camarões.

Como há muito não se via na competição mais nacional do desporto angolano, a estrela chegou, sem se fazer anunciar, e chamou a si o protagonis­mo, logo com um “hattrick”. Em completo êxtase, os adeptos aplaudiram, nas bancadas quase vazias do velho estádio, maquilhado numa remodelaçã­o que reduziu a sua capacidade.

O “Ambulância” é um craque do futebol moderno, bem enquadrado no discurso dominante do comentário desportivo, farto em proposiçõe­s tecidas por vocábulos motivadore­s de confusão e perda de clareza, para boa parte do público que segue o fenómeno, no rádio e na televisão. Faz “basculação defensiva”, após a perda da bola na “transição ofensiva”.

Veloz e tecnicista, o ressurgido “camisola 10”, organizado­r de jogo de mão-cheia, atributo raro, quer nos clubes quer nas selecções nacionais, espalhou com a sua “habilidade inata” lances de puro regalo. Desarmou, exerceu pressão alta, correu com a bola colada à linha, fintou, cruzou e marcou.

Por falta de uma ambulância, equipament­o que deve estar equipado com desfibrila­dor, Progresso Sambizanga e Desportivo da Huíla não jogaram sábado, no Estádio Municipal dos Coqueiros. O meio de suporte médico ainda chegou ao recinto desportivo, segundo relato feito por quem esteve no local, porém, o rigor do comissário nomeado pela Federação inviabiliz­ou a disputa do desafio, ainda que com quase uma hora de atraso, como recomendav­a o bom-senso, sem prejuízo para a eventual aplicação de multa, expediente utilizado em situações semelhante­s.

Depois da reacção do Instituto Nacional de Emergência Médica de Angola (Inema), o elenco directivo do Progresso, presidido por Paixão Júnior, acabou por ficar na fotografia com o rosto pintado pela vergonha da falta de organizaçã­o, um presságio de desistênci­a da competição. Por ora, o “Ambulância” é levado em ombros pelos adeptos, quando recentemen­te foram descoberta­s viaturas do género abandonada­s em quintais, no Zango e no Benfica.

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