Ponte sobre o rio Cuemba aguarda por reabilitação
Sobre os escombros da ponte do rio Cuemba, arredores da sede municipal, duas senhoras lavam a roupa da família descontraidamente. Próximo, a visão encantadora do rio chamou a atenção devido às maravilhosas quedas de água.
Rita Fernanda lava a roupa com mais uma amiga e os dois filhos ao lado. Contam que se tornou hábito lavar no rio, pois realiza essa tarefa desde a infância. “Em casa, temos água permanentemente durante as 24 horas, mas preferimos lavar a roupa aqui todas as quintas-feiras e sábado”, afirmou.
Residente na sede do município há 19 anos, a jovem esposa, mãe de dois filhos, disse que a roupa fica totalmente limpa e, para facilitar, usam o sabão. “Tornou-se obrigatório para nós virmos sempre ao rio. Já é parte do nosso dia-a-dia”, revelou Rita Fernanda, de 19 anos.
Enquanto atravessámos, com dificuldade, a ponte destruída, vemos as pessoas, sobretudo senhoras, adolescentes e crianças a tomarem banho. As crianças sorridentes mostram-se felizes.
Do outro lado da ponte, que vai dar aos bairros Caqueque e Catanhinga, algumas vendedoras comercializam o mel ainda por refinar. O bidão de cinco litros de mel custa 3.500 kwanzas.
A velha ponte, destruída durante a guerra de 1992, é de importância capital para a circulação de pessoas e bens, pois liga os bairros periféricos à cidade.
O moto-taxista há três anos, Yessau Lucas, disse ser um perigo circular sobre os destroços da ponte, pois algumas pessoas já caíram no rio. “Nós, motociclista, não podemos circular aqui. Para irmos aos bairros Trumo e Camamhinga temos de dar uma volta grande”, lamentou o jovem, de 26 anos, e pai de dois filhos.
Localizada no bairro Sacunhinga, a velha ponte ainda não entrou nos planos de reabilitação do governo local, apesar dos apelos da população. Aliás, uma vez recuperada vai facilitar o acesso às quedas do Cuemba.
O ancião Afonso Chitumba, que se sentou num dos destroços da ponte para nos ver a trabalhar, contou que a reposição da ponte deve ser urgente, “porque somos obrigados a percorrer mais distância do que o necessário para chegarmos à sede da cidade”. do Cuemba está o local onde poderá vir a funcionar uma mini-hídrica para abastecer a sede municipal com energia limpa. Ainda este ano, em Março, o local foi visitado pelo ministro da Energia e Águas, João Baptista Borges, em companhia do governador Pereira Alfredo. Na ocasião, o ministro afirmou que o projecto de distribuição de água iria beneficiar 34 mil pessoas. Segundo o ministro, os investimentos feitos no Cuemba têm a capacidade de suprir as necessidades actuais e futuras, até 2030.
Enquanto o arranque da minihídrica espera pela execução, uma obra de subordinação central, a energia na sede municipal é garantida por dois geradores que funcionam a gasóleo.
Normalmente, a energia pública é distribuída das 18h às 21h. Muitas vezes a energia é ligada das 18h às 20h.
A energia no município do Cuemba é fornecida por 15 grupos geradores espalhados pelas comunas do Cuemba, Munhango, Sachinemuna e Luando. O administrador João Baptista Mário garantiu que as ligações estão a ser feitas para levar energia a residências de todos os munícipes.
“Assim como temos a água 24h sobre 24h para mais de 2.787 moradores, queremos fazer o mesmo com a energia”, garantiu. Mas o desafio é grande, sobretudo devido às puxadas clandestinas de cidadãos que não têm contrato com a ENDE. Na noite de quarta-feira, uma sobrecarga deixou parcialmente a sede municipal às escuras.