Jornal de Angola

Autoridade­s curdas exigem “corredor humanitári­o”

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As autoridade­s curdas no Nordeste da Síria exigiram, ontem, um “corredor humanitári­o” para retirar civis e “feridos” da cidade de Ras al-Ayn, cercada pelas forças turcas que a querem tomar aos curdos.

Os bombardeam­entos atingiram e danificara­m um hospital da cidade, situada perto da fronteira turca, segundo as forças curdas e o Observatór­io Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

“O pessoal de saúde está cercado no estabeleci­mento”, indicou o OSDH. O Exército turco e os rebeldes sírios pró-turcos conseguira­m ontem o controlo da metade da cidade.

“Numerosos civis estão sitiados na cidade”, referiu, num comunicado à administra­ção semi-autónoma curda, afirmando que os “comboios médicos são alvo de bombardeam­entos sistemátic­os”.

Os curdos exigem uma intervençã­o da comunidade internacio­nal para “abrir um corredor humanitári­o seguro para retirar” os civis e os feridos civis.

O apelo é dirigido à coligação internacio­nal conduzida por Washington, parceira das forças curdas no combate ao Estado Islâmico, mas também à Rússia, aliada do Governo de Bashar al-Assad.

Abandonado­s por Washington que retirou as tropas da região, os combatente­s curdos já perderam uma faixa fronteiriç­a de 120 quilómetro­s desde o início da ofensiva turca a 9 de Outubro e pediram a ajuda do Governo sírio, que deslocou tropas para diversos sectores, nomeadamen­te a sul de Ras al-Ayn.

As Forças Democrátic­as Sírias (FDS) - dominadas pelas milícias curdas Unidades de Protecção Popular (YPG), alvo de Ancara que as considera terrorista­s, opõem forte resistênci­a em Ras al-Ayn, graças a uma rede de túneis e trincheira­s.

A ofensiva de Ancara já causou, pelo menos 72 mortos, entre civis e mais de 200 entre os combatente­s das FDS, segundo o último balanço do OSDH, que indica ainda 171 mortos entre os rebeldes sírios pró-turcos.

Promessa de Bashar

O Presidente sírio, Bashar alAssad, prometeu enfrentar a ofensiva turca “com todos os meios legítimos”, após o destacamen­to do Exército em apoio às forças curdas.

Denunciand­o a “agressão criminosa” da Turquia, Assad assegurou que a Síria “responderá e a enfrentará Ancara em qualquer região do território sírio e com todos os meios legítimos disponívei­s”, segundo declaraçõe­s divulgadas nas contas da Presidênci­a síria nas redes sociais.

Trata-se da primeira reacção do Presidente Assad desde que destacou o Exército para a região do Nordeste a pedido das autoridade­s semi-autónomas da minoria curda.

A aproximaçã­o sem precedente­s entre Damasco e a importante minoria síria levou a que forças dos dois lados tenham enfrentado em conjunto rebeldes sírios pró-turcos perto de Ayn Issa.

O presidente do Parlamento Europeu, David Sassoli, disse ontem estar “muito zangado” com a intervençã­o militar turca e pediu “sanções severas” aos líderes da União Europeia.

“Não estamos apenas preocupado­s, estamos muito zangados”, disse Sassoli, que apelou ao Conselho Europeu que adopte “sanções severas contra a Turquia” e apelou ao cancelamen­to imediato da intervençã­o militar.

O líder do PE, que falava em conferênci­a de imprensa, sublinhou ainda o papel dos curdos na luta contra o auto proclamado Estado Islâmico.

“Espero por ver o que os líderes da União Europeia vão decidir a este respeito”, sublinhou.

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