Jorge Macedo exaltado na “Maka”
A vida e obra do escritor e etno-musicólogo Jorge Macedo foi recordada no habitual debate semanal, “Maka à Quarta-feira”, realizado na sede da União dos Escritores Angolanos, que teve como prelector o escritor Cristóvão Neto.
A “Maka” juntou familiares, amigos e contemporâneos do homenageado. Cristóvão Neto recordou os momentos da afirmação da identidade cultural, na fase de Luta de Libertação Nacional, altura em que o Jorge Macedo nacionalista juntava diversos amigos para ensinar literatura.
De acordo com o orador, Jorge Macedo era um homem preocupado com a nova geração, à qual transmitia conhecimentos. Afirmou ter sido “discípulo” de Jorge Macedo, com quem aprendeu as bases sobre textos literários, incluindo a arte de declamar.
“Era um homem de cultura, de grande dimensão e de pena afinada. Preocupava-se com os jovens, pois tinha consciência que a juventude deveria conviver com os mais velhos”.
Ana Cristina Macedo, filha cassula do homenageado, durante a cerimónia, admitiu ter ouvido relatos do pai, que nunca antes foram comentados por ninguém e agradeceu a iniciativa da UEA. Também partilhou, com a plateia, algumas histórias de âmbito familiar.
“Ele disse-me, uma vez: se não abraçares a cultura terás na mão a agricultura”. Foi uma frase que nunca esqueci. Além disso, ele estava muito atento ao meu aproveitamento estudantil. Algumas vezes, passávamos juntos as férias em Lisboa. O meu pai era um homem de simplicidade clara”, afirmou.
Luís Kandjimbo, amigo e companheiro de caneta do escritor, realçou a trajectória daquele que foi uma referência dos escritores da sua época com quem partilhou diversos momentos de confraternização em casa do malogrado, que era um apaixonado por temas da angolanidade, como forma de passar o testemunho.
A iniciativa de homenagear o escritor e nacionalista Jorge Macedo faz parte de um programa mensal da UEA, com o objectivo de divulgar os feitos dos escritores angolanos.
O secretário-geral da UEA, David Capelenguela, considerou que os esforços que a instituição faz são no sentido de manter regular a “Maka”, apesar da situação de crise no país, que “não possibilita fazer mais, mas é uma obrigação e dever de passar a mensagem à nova geração”.
Acrescentou que, como gestor da UEA, “lhe cumpre a obrigação e o respeito de transmitir carinho e afecto à família de Jorge Macedo”.