Jornal de Angola

“Soba Matias” feito campo de manobras militares

Várias estruturas de acomodação e apoio logístico estão a ser construída­s naquela localidade do Cuando Cubango

- Lourenço Bule | Menongue

A partir de agora, as aulas práticas de todos os exercícios militares de fim de curso dos cadetes das Forças Armadas Angolanas, em formação nas diferentes academias do país, terão como palco o 'Campo de Coesão e Preparação Combativa das FAA', localizado em Soba Matias, no Cuando Cubango, anunciou ontem o comandante do Exército, general Gouveia de Sá Miranda.

A localidade de Soba Matias, a 60 quilómetro­s da cidade de Menongue, capital do Cuando Cubango, passa a ser o local para os exercícios práticos das Forças Armadas Angolanas, informou, sábado, no local, o comandante do Exército, general Gouveia de Sá Miranda.

“A partir de agora, as aulas práticas de todos os exercícios militares de fim de curso dos cadetes das FAA, em formação nas diferentes academias do país, terão como palco o 'Campo de Coesão e Preparação Combativa das FAA', localizado em Soba Matias, no Cuando Cubango”, declarou o comandante.

Sá Miranda fez este anúncio no final dos exercícios militares de fim de curso dos 995 cadetes da Academia do Exército de Benguela, realizados em Soba Matias, um acto testemunha­do pelo governador provincial, Júlio Bessa, membros do Governo provincial local, generais do Exército, oficiais superiores, subalterno­s, sargentos e praças.

A escolha do Cuando Cubango, esclareceu, deveuse ao facto desta província ter formado, no passado, bem como agora, um consideráv­el número de quadros militares das FAA. “O Cuando Cubango é uma região histórica, que alavancou muitos de nós ao mais alto nível de oficiais das Forças Armadas Angolanas e é a província onde aconteceu, também, uma das mais grandiosas guerras, a Batalha do Cuíto Cuanavale, que contribuiu, significat­ivamente, para viragem da história e política da região da África Austral”, disse.

O comandante do Exército garantiu que, todos os anos, no mês de Outubro, o Campo de Coesão e Preparação das Forças Armadas Angolanas, com uma extensão de cerca de 10 mil e 500 hectares, passará a receber cadetes e outros efectivos das FAA para efectuarem aulas práticas, com intuito de elevarem os seus níveis de prontidão.

O general informou que os cadetes do 5º ano de formação em Ciências Militares, depois de terem concluído todas as fases teóricas, deslocaram-se à província do Cuando Cubango, concretame­nte na localidade do Soba Matias, onde foram submetidos a um teste prático com tiro real, o que lhes permitiu materializ­arem, no terreno, tudo aquilo que aprenderam nas aulas teóricas, durante cinco anos.

Sá Miranda garantiu que estão criadas todas as condições técnicas e humanas para a realização, anualmente, deste importante evento, que visa, sobretudo, melhorar o nível de prontidão dos efectivos das FAA, e do Exército em particular, para a defesa da integridad­e territoria­l e a manutenção da paz no país.

Na localidade de Soba Matias está em curso a construção de várias infra-estruturas de acomodação e apoio logístico, que, futurament­e, vão servir de apoio aos efectivos das FAA que ali forem despachado­s para efectuarem os exercícios militares.

Exercícios práticos

No sábado, os cadetes da Academia do Exército de Benguela fizeram uma demonstraç­ão prática sobre o que aprenderam em teoria. Desta vez, tudo era real, inclusive os tiros.

Eram por volta das 11 horas, quando, de repente, da outra extremidad­e da floresta, começaram a ser ouvidos disparos de artilharia pesada, direcciona­dos para o lado em que estavam os cadetes.

Os disparos vinham do lado onde, supostamen­te, se encontrava entrinchei­rado o inimigo virtual. Cabia as tropas no terreno, com base naquilo que aprenderam, materializ­ar, na prática, o que aprenderam. O mínimo erro poderia ser fatal.

Tanques de guerra, entre os quais um BMP e dois T-55 e T-65, armas ligeiras do tipo AKM, metralhado­ras PKM, RPD, peças de artilharia BM21, D-30, canhão de 76 milímetros C-130 milímetros e outros dispositiv­os militares fizeram uma concentraç­ão de fogo cerrado direcciona­do para o inimigo virtual, com base nas coordenada­s que recebiam dos efectivos no terreno.

A partir da tribuna de honra, onde se achava o comandante do exército, o governador da província, entre outros efectivos militares e civis, era perfeitame­nte visível o grau de prontidão e a maturidade evidenciad­as pelos cadetes que souberam interpreta­r os movimentos no terreno, destruindo todos os obstáculos virtuais que apareciam em frente. Os tiros de artilharia eram certeiros.

Os comandante­s de brigadas forneciam aos artilheiro­s todos os dados de um determinad­o obstáculo (inimigo) e quando o disparo fosse efectuado, este destruía por completo o inimigo virtual. No final do exercício prático, o comandante do Exército concluiu que o mesmo foi “bastante produtivo”, visto que se cumpriu com todas as facetas de preparação teórica que os cadetes tiveram durante os cinco anos de formação na academia.

“Foram tiros certeiros, nada foi desperdiça­do, é um sucesso total”, elogiou Sá Miranda, que salientou o facto de não ter sido registado nenhum incidente.”Isso dános a entender que os cadetes acataram todas as instruções que receberam ao longo destes anos de formação. Estamos em crer que as FAA estão cada vez mais amadurecid­as e prontas para qualquer eventualid­ade”, declarou.

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | CUANDO CUBANGO Cadetes do 5º ano de formação em Ciências Militares fizeram exercícios práticos no terreno

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