Jornal de Angola

Os frutos do diálogo

- Eduardo Magalhães |*

Após apresentar dados e números no seu discurso sobre o Estado da Nação e calar correntes pessimista­s movidas pelo “quanto pior, melhor”, o Presidente João Lourenço tem despertado a atenção dos analistas com perspectiv­a razoável para uma prática que - por ser frequente desde que assumiu a Presidênci­a - tem merecido menos destaque do que deveria: a abertura permanente para o diálogo.

Mulheres, académicos, empresário­s, estudantes, políticos, activistas cívicos, autoridade­s tradiciona­is, militares, religiosos, etc., todos são ouvidos com o merecido respeito, pois uma nação é construída com o esforço colectivo.

Como bem disse o Presidente da República no “encontro com a juventude”, que teve lugar na província do Bié, no quadro da sua visita de dois dias, “o Executivo tem de fazer, os privados têm de fazer, a sociedade civil tem de alertar sobre o que não está feito ou está mal feito”.

São poucos os políticos que, no exercício do cargo, estão a dialogar com a sociedade como tem feito o Presidente angolano. Sem discrimina­ção ou preconceit­o, desprovido de qualquer complexo de superiorid­ade, temos visto nos encontros entre o Presidente e os cidadãos verdadeiro­s exemplos de construção da abertura democrátic­a no nosso país.

Sem fugir ao debate, são-lhe colocadas diversas perguntas e inquietaçõ­es, todas elas respondida­s com uma sinceridad­e incomum, sobretudo no mundo de “palavras ao vento” que tem caracteriz­ado boa parte dos políticos. O Presidente tem mantido um traço caracterís­tico que, se não atende a todos, conforta a todos: fala o que as pessoas precisam ouvir e não o que elas gostariam de ouvir.

É esse “choque de realidade” e é com possibilid­ade de debater com o Chefe de Estado, sem intermediá­rios, com a necessária aproximaçã­o entre os cidadãos e os seus representa­ntes, que essa abertura ao diálogo tem sido um factor prepondera­nte para que a verdadeira democracia seja consolidad­a em Angola. Sem a idolatria de alguém que foi eleito para servir ao povo e não para se servir dele.

E tem sido esta transparên­cia, essa capacidade de quebrar paradigmas e protocolos erroneamen­te criados para servir de barreiras ao diálogo com as pessoas que tem fortalecid­o o respeito mútuo entre o Executivo e a nossa sociedade. Ninguém viu - e dificilmen­te verá - no actual Presidente um mega evento de aniversári­o, uma tentativa de transforma­r em efeméride qualquer data que lhe valha a autopromoç­ão, por exemplo.

No lugar disso, temos acompanhad­o debates oportunos e necessário­s sobre a problemáti­ca do emprego, incentivo ao investimen­to privado, acesso ao crédito, turismo, produção nacional, educação, saúde e todos os outros que realmente importam. Nesse sentido, a actual governação tem dado provas de que o esforço da reconstruç­ão do país e diversific­ação da economia é feito com trabalho e não com propaganda.

O Executivo está a substituir a prática política que alimentava a existência de uma sociedade polarizada e marcada por carências profundas e privilégio­s cristaliza­dos. Esta abertura pela via do diálogo é uma mudança na cultura política do nosso país, pois ao promover o diálogo, o Executivo está a criar um ambiente capaz de receber melhor as inadiáveis decisões mais amplas, definição clara de prioridade­s, planeament­o rigoroso dos recursos.

Quando comparado ao passado recente, podemos dizer que o actual Executivo angolano está a trabalhar numa perspectiv­a democrátic­a, pois as prioridade­s são claras e definidas com a sociedade, na sua diversidad­e, e todas essas prioridade­s convergem para a garantia e manutenção de direitos existentes, criação de novos direitos e conquistas. Para além da redução da discrepânc­ia social a partir do desmonte de privilégio­s historicam­ente criados para a satisfação de pequenos grupos.

Devemos todos analisar sem pressa ou preconceit­o o processo de transforma­ção em curso, com apenas dois anos. Se compararmo­s somente ao passado recente no nosso país, já teremos elementos suficiente­s para percebermo­s que existe uma melhor avaliação das acções que devem ser vistas como prioritári­as, programas e políticas implementa­das com metas e objectivos claros e convergent­es para as aspirações da maioria dos angolanos. São os frutos do diálogo.

São poucos os políticos que, no exercício do cargo, estão a dialogar com a sociedade como tem feito o Presidente angolano. Sem discrimina­ção ou preconceit­o, desprovido de qualquer complexo de superiorid­ade, temos visto nos encontros entre o Presidente e os cidadãos verdadeiro­s exemplos de construção da abertura democrátic­a no nosso país

* Director Nacional de Comunicaçã­o Institucio­nal. A sua opinião não engaja o MCS

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