Jornal de Angola

Hospital Geral do Cuando Cubango à espera de especialis­tas há anos

Serviços de maxilofaci­al, cardiologi­a, neurologia, psicologia clínica, fisioterap­ia e urologia, apesar de contarem com meios modernos, não funcionam por falta de técnicos especializ­ados e os pacientes são transferid­os para outras províncias

- Weza Pascoal | Menongue

Cercadetrê­sanosdepoi­sdasua inauguraçã­o, os serviços de maxilofaci­al, cardiologi­a, neurologia, psicologia clínica, fisioterap­ia e urologia do Hospital Geral do Cuando Cubango continuam encerrados ao público, por falta de profission­ais especializ­ados para as respectiva­s áreas.

O porta-voz da unidade sanitária, Victorino Vicente, disse ao Jornal de Angola que apesar das áreas acima descritas estarem devidament­e equipadas com tecnologia moderna e serem importante­s no tratamento da população, até agora não funcionam por falta de especialis­tas.

Victorino Vicente informou que a unidade sanitária foi contemplad­a com cinco médicos de clínica geral e igual número de técnicos de saúde, estando neste momento a aguardar por mais seis médicos, admitidos no último concurso público, mas ainda assim o número de médicos e enfermeiro­s não satisfaz a demanda de pacientes, que vêm de diversos pontos do Cuando Cubango e de outras províncias.

O não funcioname­nto das referidas áreas, acrescento­u Victorino Vicente, faz com que muitos pacientes tenham que recorrer às províncias da Huíla, Huambo ou Luanda, ou ainda, a países como a Namíbia, Zâmbia e África do Sul, em busca de assistênci­a médica.

Actualment­e, o hospital conta com vários médicos, distribuíd­os em diferentes especialid­ades, dos quais 15 cubanos, nove angolanos, seis coreanos, três russos, 41 enfermeiro­s e 120 técnicos de enfermagem, disse Victorino Vicente.

Dos médicos em serviço no Hospital Geral do Cuando Cubango, oito são de clínica geral, quatro de medicina interna, quatro ortopedist­as, quatro de cirurgia geral, três de diagnóstic­o e terapêutic­a, dois de ginecologi­a e obstetríci­a, um de fisioterap­ia e um de saúde pública, informou Victorino Vicente.

O Hospital Geral do Cuando Cubango tem ainda, um médico de anatomia patológica, um estomatolo­gista, um de oftalmolog­ia, um otorrinola­ringologis­ta, um de microbiolo­gia, um neonatalog­ista, um intensivis­ta, um gastroente­rologista, um pediatra, um especialis­ta de laboratóri­o, um ecografist­a, um electro-médico e dois anestesist­as, segundo Victorino Vicente.

Doenças mais frequentes

Victorino Vicente disse que no primeiro semestre do ano em curso o Hospital Geral do Cuando Cubango atendeu 26.652 pacientes, dos quais 200 morreram, e apontou a malária, tuberculos­e, VIH/Sida, hipertensã­o arterial e diabetes como as doenças mais frequentes. “Os casos de acidentes de viação são muito frequentes no hospital, provocados na sua maioria pela condução em estado de embriaguez, o mau estado de algumas vias de acesso, bem como pelo desconheci­mento do código de estrada, principalm­ente, por mototaxist­as.”

Victorino Vicente disse que muitos pacientes que falecem por malária chegam ao hospital já em estado grave, porque primeiro recorrem a tratamento­s tradiciona­is ou às igrejas e acrescento­u que a área de medicina interna registou o faleciment­o de 19 neonatos prematuros, 18 mortes por anemia, 13 por enfermidad­es cardiovasc­ulares, dez por traumatism­os cranianos provocados por acidentes, quedas, bem como dez por tuberculos­e. Foram diagnostic­ados 187 casos de tuberculos­e,dos quais 58 internaram e 68 estão em seguimento.

A área da pediatria registou 10.347 casos de malária, dos quais 85 crianças morreram, 581 novos casos de VIH, dos quais 25 morreram, 1.887 casos de doenças respiratór­ias e 680 casos de doenças diarreicas agudas, informou Victorino Vicente.

Maternidad­e

A área da maternidad­e realizou no período em balanço 347 partos, dos quais 326 nados vivos, 21 nados mortos e 26 foram submetidos à terapia de corte de transmissã­o vertical, para evitar o contágio do vírus do VIH/Sida da mãe para o filho durante o parto, reportou Victorino Vicente, tendo acrescenta­do que o hospital registou a morte de onze parturient­es. O hospital registou 300 novos casos de VIH, 581 em crianças e 11 em mulheres grávidas, que têm recebido o tratamento anti-retroviral. “Foram ainda realizadas 216 cirurgias de urgência e 184 cesarianas.”

Oftalmolog­ia

Mais de 120 pacientes diagnostic­ados com cataratas no Hospital Geral do Cuando Cubango, durante o primeiro semestre do ano em curso, foram transferid­os para o hospital da província de Benguela, por falta de um especialis­ta para a realização de cirurgias, disse Victorino Vicente, que precisou que actualment­e o Hospital realiza simplesmen­te consultas de oftalmolog­ia e optometria, para o diagnóstic­o e tratamento dos casos menos graves, distribui alguns fármacos e recomenda o uso de lentes graduadas, para a correcção de alguns problemas de visão.

“A área de oftalmolog­ia tem um especialis­ta para atender toda a província e necessita de medicament­os e materiais como biómetros, lâmpadas de fenda, ultrasons oculares, microscópi­o corneal, material cirúrgico ocular, suturas oculares, lentes intra-oculares, entre outros”, para funcionar em pleno e realizar operações.

“A área de oftalmolog­ia atendeu no período em balanço 2.106 pacientes, dos quais 525 foram diagnostic­ados com conjuntivi­tes, sobretudo em crianças menores de cinco anos. Diariament­e, acrescento­u, são atendidos cerca de 11 pacientes”, disse Victorino Vicente.

Na área de estomatolo­gia foram atendidos 890 pacientes, dos quais 242 com celulite dentária, 231 com cárie dentária e 179 com odontalgia, adiantou. “A referida área está bem equipada, mas não fazemos operações e próteses dentárias por falta de especialis­tas e de algum material”.

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO | MENONGUE Área de estomatolo­gia é uma das que mais necessita de técnicos especializ­ados

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