Imperador do Japão é hoje entronizado
O imperador Naruhito do Japão, em funções desde Maio devido à abdicação inédita do pai, é entronizado hoje numa cerimónia que conta com a presença de aproximadamente dois mil convidados.
O novo soberano, de 59 anos, tornou-se no 126º imperador do Japão em 1 de Maio, no dia seguinte ao pai, Akihito, de 85 anos, ter abdicado, uma decisão inédita nesta dinastia de mais de dois séculos.
Akihito anunciou em Agosto de 2016 que a sua idade e problemas de saúde o impediam de cumprir plenamente os seus deveres como imperador e, após esse anúncio na televisão, sucederam-se decisões políticas para a abdicação, possibilidade que não estava contemplada no quadro legal então em vigor, até que uma lei específica foi aprovada nesse sentido.
Hoje, decorre a cerimónia oficial que dará ao novo imperador o estatuto formal num evento semelhante a uma coroação nas monarquias ocidentais.
Como parte de um dos rituais, que datam desde o século VII, Naruhito terá de autoproclamar-se imperador do Japão numa das áreas mais majestosas do Palácio Imperial do Japão, cujas portas só são abertas em ocasiões como esta. Os historiadores afirmam que a entronização, nos dias de hoje, permite que o Governo exiba a monarquia para ganhar o apoio dos cidadãos e preserve a herança cultural do país.
A cerimónia de hoje é a segunda de três que caracterizam o evento, sendo que a primeira foi em Maio, quando se concretizou o acto de sucessão ao Trono do Crisântemo.
A última parte da cerimónia, um ritual altamente religioso e polémico conhecido como Grande Colheita, será em Novembro. Alguns especialistas questionaram o gasto com as cerimónias religiosas que rondam os 16 mil milhões de ienes, o equivalente a 130 milhões de euros.
A cerimónia terá a duração de 30 minutos, culminando com a autoproclamação do imperador diante de cerca de dois mil convidados. Espera-se que Naruhito faça os mesmos votos que o pai, que em 1990 jurou cumprir com o seu dever enquanto símbolo estatal sob a Constituição, desejando paz e prosperidade para o povo japonês.
O Primeiro-Ministro, Shinzo Abe, após discursar e felicitar brevemente o novo monarca, liderará as três saudações gritando “banzai” em honra do imperador.
Tradicionalmente, seguese um desfile ao longo dos 4,6 quilómetros que separam o palácio da residência imperial de Akasaka, mas esta parte da cerimónia foi adiada para 10 de Novembro devido aos estragos provocados pelo tufão Hagibis este mês em Tóquio.
O novo casal real foi bem recebido pelo público japonês, ainda que a imperatriz, Masako, tenha sofrido durante mais de 10 anos de transtornos de adaptação, após o nascimento da única filha do casal e depois de sofrer pressões para produzir um rapaz. A princesa Aiko, de 17 anos, não está autorizada por lei a assumir o trono, tornando o irmão mais novo do actual imperador, o príncipe Akishino, de 53 anos, no primeiro na linha de sucessão ao trono, à frente do seu filho Hisahito, de 13 anos.
Naruhito estudou História, toca viola e é um especialista em Transporte de Água, que estudou em Oxford, e Masako é uma ex-diplomata que estudou em Harvard.
Para comemorar a ocasião, o Governo vai conceder perdão a cerca de 550 mil pessoas condenadas por pequenos delitos, como infracções rodoviárias ou fraude eleitoral.
A tradição de mostrar clemência é um costume anterior à guerra e tem gerado críticas, sendo que especialistas afirmam que o perdão é antidemocrático e politicamente motivado.
Quando o avô de Naruhito morreu em 1989, mais de 10 milhões de pessoas foram perdoadas e 2,5 milhões foram amnistiadas quando o pai assumiu o trono.
Na entronização, estarão representantes de mais de 200 países, entre os quais diplomatas, políticos e membros da realeza, contando mais de dois mil convidados e 70 Chefes de Estado.