CARTAS DOS LEITORES
Urbano Vs rural
Já várias cartas foram endereçadas para o Jornal de Angola a abordar a maka da urbanização, numa altura em que enquanto uns pensam em "urbanizar o rural" outros deixam de reflectir em que medida é que as zonas rurais se estão a deixar "ruralizar". É verdade, as cidades e o pouco de urbano em torno delas está a dar lugar um processo de "ruralização" muito preocupante. Muitos pensam que a melhor forma de seguir em fente rumo ao desenvolvimento é transformar as zonas rurais em cidades, quando olharmos para os países mais avançados veremos, com alguma inveja, no bom sentido, como as cidades coexistem com as aldeias. Fico preocupado quando aparentemente todo o mundo parece estar a deixar o campo em direcção às cidades. Onde vivo e em função de relatos de famílias de outras paragens, dou conta de que há um movimento preocupante de pessoas em direcção às zonas urbanas. Acho que a ausência de mecanismos de equilíbrio pode resultar em situações menos boas e mesmo problemáticas para o presente momento em que pretendemos uma interacção saudável e equilibrada entre o campo e as cidades. Em minha opinião, o processo de urbanização das cidades em Angola constitui uma vantagem, mas igualmente uma desvantagem. Se o movimento de pessoas saídas das zonas rurais para as cidades continuar vamos enfrentar uma fraca presença de mão de obra para os campos e outras ocupações existentes nas zonas rurais. Não podemos perder de vista a relação de complementaridade entre aqueles dois segmentos. Embora seja verdade que melhores oportunidades, sobretudo para os jovens, são encontradas em maior número nas zonas urbanas, não é sustentável a continuação deste estado de coisas. As zonas urbanas não podem suportar esse movimento contínuo de populações que lá se deslocam, não raras vezes, para se dedicarem a actividades precárias ou caírem na mendicidade.
Responsabilidade parental
Vivo em Malanje, propriamente ESCREVA-NOS Cartas recebidas na Rua Rainha Ginga, 12-26 Caixa Postal 1312 - Luanda ou por e-mail: no bairro da Catepa e escrevo para falar sobre a fuga à paternidade, em função de um debate que decorreu nas redes sociais sobre a fuga à paternidade, numa altura que somam casos atrás de casos na nossa sociedade. As leis são claras, mas ainda assim muitos duvidam da sua eficácia na medida em que persistem fugas com sucesso aos ditames legais quando se trata de cumprimento das responsabilidades paternais. Uns defendem que se deve endurecer mais as penas, havendo, segundo outros, a necessidade de as penas envolverem prisão efectiva para incumpridores. Trata-se de um debate que dificilmente vai congregar as mais diferentes opiniões para pontos de convergência e, quanto a mim, acho que se deve apostar em elementos chaves para vermos reduzir esses casos. Falo da Educação e da Economia, enquanto factores que podem actuar com profundo impacto da redução dos casos de fuga à paternidade. Em minha opinião, apenas aqueles dois factores podem actuar com segurança, certeza e eficácia na redução dos casos, contrariamente à ideia de que com o poder coercivo se vai chegar lá.