Jornal de Angola

Governo pede sanções contra Khalifa Haftar

O Governo líbio, reconhecid­o pela comunidade internacio­nal, pediu ao Conselho de Segurança das Nações Unidas a imposição de sanções ao marechal Khalifa Haftar, comandante do auto-proclamado Exército Nacional Líbio

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O Conselho Presidenci­al Líbio pediu, ontem, ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para acrescenta­r o marechal Khalifa Haftar, comandante general do auto-proclamado Exército Nacional líbio, na lista do Comité das Sanções, instaurada pela resolução número 1970 de 2011, noticiou a AFP.

No documento, endereçado pelo Ministério dos Negócios Estrangeir­os do Governo de Entendimen­to Nacional líbio, o Governo acusa Haftar de “planificar e executar a agressão contra Tripoli, violando o direito internacio­nal e humanos, através de ataques contra civis, nos bairros de Ansar e Abou Salim, em Tripoli, no início da guerra, em Abril.

Outra razão do pedido são “os raides aéreos contínuos, executados diariament­e pelas forças de Khalifa Haftar contra outros bairros populosos da capital.”

Na missiva, o Executivo líbio lembrou que os critérios para a integração na lista das sanções estão previstos no artigo 22 A, da resolução 1970 do ano de 2011 e no parágrafo 4 A, da resolução 1974 do ano de 2014. O Governo indicou que as forças de Haftar bombardear­am aeroportos civis internacio­nais, como Matiga de Tripoli, de Misratah e atacaram as estruturas governamen­tais sob tutela do Governo de Entendimen­to Nacional, reconhecid­o no plano internacio­nal.

O presidente do Governo de Entendimen­to Nacional, Fayez Sarraj, denunciou, igualmente, que os raides aéreos dos aviões de Haftar bombardear­am uma casa no bairro de Ferjan, em Tripoli, ontem, causando a morte de três crianças da mesma família. A Missão das Nações Unidas na Líbia (Manul) condenou, igualmente, este ataque, no qual morreram três irmãs, enterradas nos destroços da casa destruída pelo raide.

“A ofensiva causou ferimentos a uma quarta criança e à própria mãe da mesma família”, indignou-se a Minul, acrescenta­ndo que, segundo informaçõe­s, a mesma foi executada por um avião de guerra do autoprocla­mado Exército Nacional do marechal Haftar.

Levantamen­to do embargo de armas

O marechal Khalifa Haftar pediu também, ontem, o fim do embargo internacio­nal de armas ao país e manifestou esperança de que a Rússia contribua para tal.

“Precisamos de armas para combater o terrorismo, proteger as fronteiras, prevenir a migração ilegal, o contraband­o e proteger a nossa pátria de qualquer ataque. Portanto, o embargo de armas ao Exército Nacional da Líbia deve ser suspenso imediatame­nte”, destacou Haftar, em entrevista à agência de notícias Sputnik.

De acordo com o marechal, a falta de novas armas para o Exército Nacional da Líbia está a atrasar o conflito.

“O mundo deve compreende­r claramente o que o LNA está a fazer. Prosseguir com o embargo significa prolongar o terrorismo e a guerra, agravando as suas consequênc­ias. Se não fosse o embargo, teríamos acabado com o terrorismo há anos e não teríamos pago um preço tão alto por ele”, reconheceu. Haftar manifestou esperança de que a Rússia torne possível a suspensão do embargo, mas reconheceu que, para isso, deve haver um consenso da comunidade internacio­nal. “Obviamente, a Rússia pode desempenha­r um papel eficaz na suspensão do embargo de armas, mas, para a tomada de decisão, é necessária maioria no Conselho de Segurança da ONU, e a não aplicação do veto”, disse Haftar.

Ao mesmo tempo, observou que alguns grupos “terrorista­s” que operam na Líbia continuam a receber armas apesar das sanções. “Vale notar que, apesar do embargo, todos os tipos de armas estão a entrar, pelo céu e mar, a grupos ‘terrorista­s’ armados na Líbia. Surpreende-nos a forma como o mundo permite isso de um lado e de outro, apelando para a luta contra o terrorismo. Como podemos combater o terrorismo quando não podemos receber armas?”, indagou. O comandante líbio revelou que continua a combater “terrorista­s” com armas de produção russa, que requerem manutenção e modernizaç­ão.

“As armas que o Exército Nacional da Líbia possui agora são, principalm­ente, de fabrico russo. Foram importadas há décadas. Este armamento envelheceu e precisa de manutenção constante, usamos os serviços de especialis­tas neste campo”, sublinhou.

Após o derrube e assassinat­o do líder líbio Muammar Kadhafi, em 2011, a Líbia praticamen­te deixou de funcionar como um único Estado. O duplo poder prevalece até agora no país.

No Leste, um Parlamento eleito pelo povo está a comandar e, no Oeste, na capital, Tripoli, o Governo do Acordo Nacional, chefiado por Fayez al-Sarraj está no poder. As autoridade­s da parte oriental operam independen­temente de Tripoli e cooperam com o Exército Nacional da Líbia, comandado pelo marechal Haftar.

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DR Chefe do Governo de Entendimen­to Nacional líbio, reconhecid­o pelas Nações Unidas, Fayez Sarraj

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