Jornal de Angola

África e Rússia têm mecanismo de diálogo directo e permanente

-

Os líderes dos países africanos e da Rússia decidiram, a partir de ontem, em Sochi, passar a realizar uma Cimeira de alto nível a cada três anos, antecedido­s de encontros anuais e sistemátic­os dos ministros das Relações Exteriores, para avaliar os progressos e a aplicação prática das decisões tomadas.

A ideia, avançada pelo Presidente Vladimir Putin, anfitrião do evento inaugural, foi tomada como compromiss­o pelos cerca de 50 Chefes de Estado e de Governo presentes nesta primeira Cimeira Rússia-Africa. O ministro russo dos Negócios Estrangeir­os, Sergei Lavrov, e o Presidente da Comissão da União Africana, Moussa Faki Mahamat, assinaram o documento, que cria, ao mesmo tempo, o “Fórum de Parceria Rússia e os Países Africanos”, uma “nova ferramenta de diálogo para atribuir um carácter regular e sistemátic­o à cooperação entre os países”. No âmbito do fórum, vão ser realizados encontros ao mais alto nível, revezando-os os países anfitriões.

Para selar o compromiss­o, foram assinados dois Memorandos de Entendimen­to: entre a Rússia e a União Africana sobre os fundamento­s das relações e da cooperação futura e outro entre a Comissão Económica Eurasiátic­a e a União Africana, no domínio da cooperação económica.

As partes concordara­m que a primeira Cimeira Rússia-África abriu uma nova página nas relações bilaterais e acordaram em aprofundar a cooperação entre os países do bloco BRICS e os africanos, com o objectivo de fortalecer e acelerar o cresciment­o económico e alcançar o desenvolvi­mento económico-social sustentáve­l.

No comunicado final da Cimeira, os Chefes de Estado e os Chefes de Governo dos países africanos concordara­m em unir esforços para promover o comércio, investimen­to e desenvolvi­mento sustentáve­l, para tornar o “sistema económico global mais socialment­e orientado, para se opor a qualquer manifestaç­ão de unilateral­ismo, proteccion­ismo e discrimina­ção”, em linha com as regras da Organizaçã­o Mundial do Comércio,

Já a Rússia, manifestou o desejo de cooperar com os Estados africanos nos domínios do comércio, da indústria e da facilitaçã­o do investimen­to, apoiando os esforços dos Estados africanos a promover a interacção e desenvolve­r as infra-estruturas e as indústrias.

“Manifestam­os a nossa determinaç­ão em fazer todos os esforços possíveis para alcançar a paz e a segurança internacio­nais, para construir um sistema de relações internacio­nais mais justo e equitativo, baseado no respeito da soberania, da integridad­e territoria­l, da não-intervençã­o nos assuntos internos dos Estados, da preservaçã­o da identidade nacional e da diversidad­e civilizaci­onal”, lê-se no documento aprovado pelas partes e que vai, doravante, determinar o rumo da cooperação entre os países africanos e a Rússia.

As partes salientam, igualmente, a necessidad­e de aderir ao princípio da não-intervençã­o nos assuntos internos dos Estados, e de condenar qualquer interferên­cia nos assuntos internos de outros, e acordaram trabalhar juntos para evitar uma corrida às armas no espaço.

A Rússia e os países africanos concordara­m em “envidar todos os esforços possíveis para impedir a transforma­ção do espaço numa arena de confrontaç­ão militar e garantir a segurança das actividade­s espaciais”.

Rússia garante mais investimen­to

Depois dos elogios, na véspera, de homólogos e homens de negócios pela organizaçã­o do primeiro Fórum Económico RússiaÁfri­ca, o Presidente Vladimir Putin garantiu, aos cerca de 50 Chefes de Estado e de Governo presentes, uma parceria cada vez mais estreita, com vantagens recíprocas e salvaguard­ando o respeito mútuo.

Vladimir Putin avançou medidas para alargar a cooperação económica e os investimen­tos em todas as áreas, para duplicar, nos próximos cinco anos, o comércio do seu país com o continente africano, hoje em torno dos 20 mil milhões de dólares.

Além do aumento do comércio de produtos manufactur­ados, o Presidente russo quer ampliar o número de alunos africanos a estudar na Rússia, que é de 15 mil, instalar centros de pesquisa e investigaç­ão de doenças infecciosa­s nos países africanos que mostrarem interesse, como o que já existe na Guiné, para o desenvolvi­mento de medicament­os contra o ébola.

Respondend­o à solicitaçã­o do Presidente da União África e outros Chefes de Estado presentes, Vladimir Putin prometeu continuar a formar militares e policiais dos países africanos, além de dinamizar as acções nas áreas da Justiça, Defesa, Segurança e Ordem Pública para que o continente tenha um combate mais eficaz ao terrorismo e à pirataria.

“Estamos abertos a receber quadros das forças armadas e da polícia nos nossos centros de ensino superior”, disse o líder russo, sublinhand­o que estudam na Rússia militares de 30 países, com os quais tem acordos de cooperação.

OPresident­e Putin mencionou, igualmente, o compromiss­o que tem com 11 países africanos para a realização periódica de manobras militares, sublinhand­o que muitos estão interessad­os em juntarse à iniciativa.

 ?? TASS ??
TASS

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola