Jornal de Angola

Ex-administra­dora criou empresa fictícia

- Mavitidi Mulaza | Uíge

Adelina Figueiredo Pinto Alexandre, ex-administra­dora do município do Songo, que está a ser julgada por crimes de desvio de fundos públicos, tinha criado uma empresa em nome de um “irmão de igreja” sem o conhecimen­to e consentime­nto deste.

Trata-se de Filipe Garcia, de 32 anos, natural do Uíge, que compareceu ontem, no segundo dia de julgamento da antiga gestora pública, na qualidade de declarante. Filipe Garcia contou que, através desta conta, Adelina Pinto movimentav­a os valores que retirava do erário justificad­os com pagamentos de serviços e compra de bens.

O declarante, tido como o proprietár­io da empresa FIL Comercial, a suposta empresa onde eram canalizada­s as verbas, negou que seja o titular da referida conta. Esta empresa é tida pela acusação como sendo a placa giratória dos crimes supostamen­te praticados por Adelina Pinto.

Entretanto, o declarante esclareceu ao tribunal que Adelina Pinto tinha criado a empresa FIL Comercial em seu nome, sem o seu conhecimen­to e consentime­nto. Disse só ter tomado conhecimen­to da existência da empresa em 2013, altura em que foi convidado por Jorge Pinto, filho de Adelina Pinto, para se deslocar a Luanda a fim de tratar de alguns assuntos. Posto em Luanda, para onde nunca se tinha deslocado antes, Filipe Garcia é informado pela agora ré e seu filho que tinham criado uma empresa em seu nome. Antes de Filipe ter conhecimen­to da existência da conta, era Jorge Pinto quem movimentav­a a conta da empresa Fil Comercial.

Convencido da legalidade do acto da criação da empresa, Filipe Garcia aceitou ser o titular das contas da mesma e passou, desde então, a movimentá-las, sempre sob orientação de Adelina Pinto, até o ano de 2015, altura em que deixaram de fazer movimentaç­ões.

Enquanto esteve em actividade, era a partir desta conta que se faziam os pagamentos às empresas que prestavam serviços no município. Filipe Garcia passou, desde então, a receber 50 mil kwanzas mensais “pelos serviços que prestava”, sem que lhe tivessem informado se se tratava de um salário ou subsídio.

Filipe efectuou vários levantamen­tos e pagamentos sob ordens de Adelina Pinto. “Ela é quem autorizava todos os movimentos da empresa”, sublinhou o declarante, que negou ser funcionári­o da Administra­ção Municipal do Songo ou que tenha prestado serviço na mesma. Negou igualmente que tenha exercido qualquer actividade comercial ou trabalhado no aparelho do Estado.

O declarante disse ter conhecido a senhora Adelina Pinto em 2005, como profetisa da igreja IERA, onde o mesmo é corista. Foi a convite de Adelina Pinto que, em 2008, Filipe Garcia passou a viver e trabalhar na loja da ré, na Rua Comandante Bula.

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