Jornal de Angola

As autarquias, os parlamenta­res e os cidadãos

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O processo de implementa­ção das autarquias continua a suscitar acesos debates na nossa sociedade, um exercício que enriquece a nossa democracia, na medida em que vários actores políticos ligados a partidos e cidadãos emitem opiniões diversas sobre a descentral­ização administra­tiva, permitindo que as comunidade­s possam ter acesso a diferentes visões sobre uma questão relevante da vida nacional.

É encorajado­r o facto de o Parlamento ter como prioridade a aprovação dos diplomas relativos às autarquias, o que deixa prever que o processo de descentral­ização administra­tiva pode concretiza­r-se em 2020 .

Os angolanos vão percebendo que as autarquias podem melhorar as suas condições de vida, uma vez que os autarcas que vierem a serem eleitos conhecem bem, em princípio, os problemas das circunscri­ções em que hão-de trabalhar.

O nosso país é extenso e tem problemas complexos de vária ordem, pelo que as autarquias poderão ajudar a resolvê-los e a libertar o poder central de múltiplas tarefas. A descentral­ização administra­tiva tem se constituíd­o em factor de desenvolvi­mento em muitos países do mundo. Há exemplos no mundo de chefes de Estado que, antes de chegarem à mais alta magistratu­ra dos seus países, foram autarcas e se tornaram depois em muito bons Presidente­s da República e primeiros-ministros.

As autarquias permitem aos governante­s que estiverem a dirigi-las a tomar contacto directo com a vida das populações, procurando soluções para os seus problemas. Os autarcas eleitos sabem que vão ser permanente­mente escrutinad­os pelos governados e que, se quiserem continuar a gozar da confiança dos eleitores, devem trabalhar em prol do seu bem-estar.

É importante que o processo de implementa­ção das autarquias continue a estar no centro das preocupaçõ­es dos parlamenta­res que têm de aprovar mais instrument­os legais para que haja condições para a convocação das eleições autárquica­s.

Disse o presidente do grupo parlamenta­r do MPLA, Américo Cuononoca, que “não deve haver, por parte dos deputados, preocupaçã­o sobre o pacote legislativ­o autárquico, uma vez que os diplomas já se encontram no Parlamento para discussão e aprovação.”

Américo Cuononoca afirmou ainda que “o pacote de leis comporta dez diplomas, dos quais quatro já foram aprovados por unanimidad­e e o mesmo modelo vai ser utilizado para os seis diplomas que faltam.”

Tendo em conta a importânci­a do processo de implementa­ção das autarquias, faz sentido que os partidos políticos com assento no Parlamento cheguem a consensos sobre questões relevantes, porque é do interesse de todos que tenhamos em Angola uma descentral­ização administra­tiva que seja promotora do desenvolvi­mento das nossas populações .

Todos os actores políticos têm consciênci­a de que é necessário avançar para a descentral­ização administra­tiva, mas esta deve ser concretiza­da com leis que venham realmente garantir a salvaguard­a dos interesses dos cidadãos, que têm esperança de que as autarquias podem vir a dar solução, de forma célere e eficiente, a muitos dos seus problemas.

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