Jornal de Angola

Presidente José Mário Vaz acusado de querer travar eleições

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O Governo da Guiné-Bissau acusou, ontem, o Presidente José Mário Vaz de estar a fomentar a instabilid­ade com o objectivo de adiar as eleições previstas para Novembro, nas quais a CNE decidiu que serão utilizados os cadernos eleitorais elaborados em Março, o que deixa de fora cerca de 20 mil eleitores

O Governo da Guiné-Bissau acusou ontem o Presidente do país, José Mário Vaz, de estar a tentar tirar proveito político da tentativa de golpe de Estado, denunciada pelo Primeiro-Ministro, e de prejudicar os esforços de consolidaç­ão da estabilida­de política para adiar as eleições previstas para o próximo mês.

“Lamentavel­mente, o Presidente cessante, José Mário Vaz, desferiu mais uma vez, um ataque ao Governo, através de um comunicado da Presidênci­a, numa clara intenção de tirar proveito político de uma flagrante e frustrada tentativa de subversão da ordem constituci­onal da autoria do candidato presidenci­al do Madem-G15, Umaro Sissoco Embaló”, refere o comunicado citado pela Lusa e assinado pelo porta-voz do Governo e ministro da Presidênci­a do Conselho de Ministros, Armando Mango.

Na segunda-feira à noite, o Primeiro-Ministro guineense, Aristides Gomes, denunciou uma tentativa de golpe de Estado, envolvendo Umaro Sissoco Embaló, que considerou a acusação “mentira e calúnia”. Num comunicado, divulgado na terça-feira, o Presidente guineense assegurou que as forças de defesa e segurança vão garantir a estabilida­de no país e que qualquer perturbaçã­o da “ordem vigente” é da responsabi­lidade do Governo.

“Ao emitir uma nota que prejudica os esforços de consolidaç­ão da estabilida­de política e da paz, o Presidente cessante reforça apenas a estratégia da oposição que visa adiar a realização das eleições presidenci­ais que estão a ser preparadas sob o mais rigoroso acompanham­ento da comunidade internacio­nal”, salienta o Governo, consideran­do que “esta atitude é uma afronta ao acordo de Abuja que, justamente, permitiu a sua continuida­de na Presidênci­a da República”.

No comunicado à imprensa, o Governo afirma não compreende­r que o Chefe de Estado e alguns actores políticos “estejam empenhados em prejudicar a consolidaç­ão da estabilida­de” ao tentar negar o “direito fundamenta­l ao voto” do povo, que quer estabilida­de, paz e prosperida­de.

“Estas práticas de clara sabotagem, que vinham decorrendo ao longo dos cinco anos do seu mandato, tornaram-se mais frequentes e evidentes após a última apreensão de droga” e depois de o Primeiro-Ministro ter denunciado e apresentad­o evidências do alegado envolvimen­to de sectores da classe política no “tráfico de droga, em ligação com o crime transnacio­nal organizado”.

O Governo garantiu, também, que está comprometi­do com a defesa da ordem constituci­onal, à semelhança das forças de defesa e segurança, e que tomará “medidas contra todo aquele que, por qualquer via, tente pôr em causa a estabilida­de”. O Executivo assegurou, igualmente, que as eleições presidenci­ais vão realizar-se em 24 de Novembro,

“apesar das manobras dilatórias em curso”.

PAIGC agradece

“Quero felicitar o PrimeiroMi­nistro pelo seu gesto de responsabi­lidade em ter divulgado” o áudio que, “de alguma forma, pôs a nu aquilo que era uma montagem bastante grave que estava a ser preparada contra” a Guiné-Bissau, afirmou Domingos Simões Pereira, numa mensagem divulgada à imprensa.

Além da denúncia foi divulgado um áudio com a alegada voz de Umaro Embaló, como prova, que o general recusa ser sua.

“Não tenho dúvidas que nas próximas horas, e tenho essa garantia por parte do PrimeiroMi­nistro, evidências bastante fortes serão colocadas à disposição do público em geral para poder fazer a avaliação da situação e também junto das instâncias judiciais”, refere Domingos Simões Pereira.

Na mensagem, o antigo Primeiro-Ministro guineense lamenta, também, a reacção do Presidente José Mário Vaz, à denúncia feita pelo Primeiro-Ministro, consideran­do que é de “bradar aos céus”.

“Um Presidente da República que desperdiça uma oportunida­de para condenar um atentado ao Estado de direito democrátic­o é de bradar aos céus. Um Presidente que diz estar justificad­o o atentado ao Estado de direito democrátic­o porque há procedimen­tos de instituiçõ­es internas que ele não subscreve é extraordin­ário”, lamentou o líder do PAIGC.

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DR Primeiro-Ministro Aristides Gomes diz lamentar as posições do Presidente da República

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