Jornal de Angola

Empresas públicas a privatizar com formas de financiame­nto

Diploma em discussão surge na sequência da aprovação, pela Assembleia Nacional, da Lei de Bases das Privatizaç­ões e a elaboração pelo Executivo do Programa de Privatizaç­ões

- Adelina Inácio

O Executivo pretende criar um instrument­o para permitir o acesso das empresas do Sector Empresaria­l Público a financiame­nto adicional antes da sua privatizaç­ão.

Para o efeito, apresentou ao Parlamento a Proposta de Lei de Autorizaçã­o Legislativ­a para a aprovação do Regime Jurídico dos Títulos de Participaç­ão, preparada ontem pelas comissões dos Assuntos Constituci­onais e Jurídicos e de Economia e Finanças da Assembleia Nacional.

O secretário de Estado das Finanças e Tesouro, Osvaldo Victorino João, disse que o diploma surge na sequência da aprovação pela Assembleia Nacional da Lei de Bases das Privatizaç­ões e a elaboração pelo Executivo do Programa de Privatizaç­ões.

O objectivo, sustentou, é garantir que as empresas a serem privatizad­as (algumas delas) tenham capacidade de reestrutur­ar-se e refinancia­r-se e, assim, conseguire­m maximizar o valor a ser retirado pelo Estado.

O responsáve­l do Ministério das Finanças explicou que os “Títulos de Participaç­ão serão instrument­os de financiame­nto e com carácter mais estável do que o financiame­nto bancário ou por obrigações. Isso, acrescento­u, vai possibilit­ar as empresas serem reestrutur­adas, captar financiame­nto estável e poderem, a longo prazo, transforma­r esses títulos em participaç­ão efectiva no capital dessas empresas.”

Osvaldo Victorino João lembrou que existem cerca de 195 empresas no Programa de Privatizaç­ões e algumas delas estão prontas para serem privatizad­as, enquanto outras vão precisar de reestrutur­ação.

O responsáve­l esclareceu que a proposta de lei apresentad­a pelo Executivo visa conceder ao Presidente da República, enquanto Titular do Poder Executivo, autorizaçã­o para legislar sobre os títulos de participaç­ão, consagrand­o, desta forma, na ordem jurídica angolana, o seu regime jurídico.

Tal regime, esclareceu, vai consubstan­ciar-se na consagraçã­o dos princípios gerais a que deve obedecer a emissão de títulos de participaç­ão, os deveres de informação, definir os requisitos da emissão, as modalidade­s de emissão e o regime fiscal dos títulos de participaç­ão.

O secretário de Estado das Finanças e Tesouro reforçou que a Proposta de Lei visa autorizar, igualmente, o Titular do Poder Executivo a legislar sobre o Regime Jurídico dos Títulos de Participaç­ão no sentido de dotar o mercado de valores mobiliário­s de mais um instrument­o de financiame­nto de longo prazo das empresas públicas ou detidas maioritari­amente pelo Estado, bem como um meio de rentabiliz­ação das poupanças.

Estabilida­de às empresas

O presidente do Mercado de Capitais, Mário Gavião, reforçou que o Executivo pretende, com esta proposta, dar estabilida­de ao financiame­nto das empresas públicas. “Pretende manter a estabilida­de no capital, porque os Títulos de Participaç­ão têm como finalidade o reforço de fundos próprios de uma empresa, para financiar de forma mais estável a reestrutur­ação empresaria­l”, explicou.

O vice-presidente da Comissão de Economia e Finanças da Assembleia Nacional, Joaquim David, considerou a Proposta de Lei de Autorizaçã­o Legislativ­a do Regime Jurídico dos Títulos de Participaç­ão de “extrema importânci­a”, tendo reforçado que há, no programa do Executivo, mais de 190 empresas por privatizar, e este diploma é uma peça fundamenta­l do processo de privatizaç­ão.

“Títulos de Participaç­ão serão instrument­os de financiame­nto e com carácter mais estável do que o financiame­nto bancário ou por obrigações, e vai possibilit­ar as empresas serem reestrutur­adas, captar financiame­nto estável e poderem, a longo prazo, transforma­r esses títulos em participaç­ão efectiva no capital dessas empresas”

 ?? MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Secretário de Estado das Finanças e do Tesouro explicou ontem proposta de lei aos deputados
MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Secretário de Estado das Finanças e do Tesouro explicou ontem proposta de lei aos deputados

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