Jornal de Angola

Voluntaria­do vai ser regulado por lei própria

Seminário Nacional para a Validação das Propostas de Lei e da Política Nacional do Voluntaria­do visa a recolha de contribuiç­ões que vão servir de suporte à futura legislação sobre a actividade

- João Dias

As actividade­s de âmbito voluntário, realizadas de modo individual, colectivo ou institucio­nal, em Angola, passarão, em breve, a ser reguladas por lei própria, para balizar a actuação dos intervenie­ntes e evitar a dispersão dos parcos recursos humanos, materiais e financeiro­s existentes. Há recolha de contribuiç­ões para enriquecer a lei.POLÍTICA

As actividade­s de âmbito voluntário realizadas de modo individual, colectivo ou institucio­nal, em Angola, passarão, em breve, a ser reguladas por lei, para balizar a actuação dos seus intervenie­ntes e fazer com que os parcos recursos humanos, materiais e financeiro­s não sejam dispersos e ineficient­es.

Para tal, teve lugar ontem, em Luanda, o Seminário Nacional para a Validação da Proposta de Lei da Política Nacional do Voluntaria­do, após terem sido realizadas várias acções de consulta pública e encontros de trabalho com representa­ntes dos sectores público e privado e agentes da sociedade civil. O trabalho resultou na realização de seminários técnicos regionais no Moxico, Huambo, Huíla, Uíge e Cabinda para enriquecim­ento da proposta.

“Desta forma, poderá ser racionaliz­ado o uso de recursos humanos, materiais e financeiro­s, que são sempre escassos para que se mantenha o entusiasmo e a vocação livre e espontânea dos voluntário­s. Devemos estar preparados e abertos para estendermo­s, de modo organizado, a actividade de voluntaria­do a sectores importante­s como a Saúde, Educação, Ambiente, Desporto, Justiça, Cultura e Habitação”, disse, no discurso de abertura do seminário de ontem, o ministro de Estado e Chefe da Casa de Segurança do Presidente da República.

Pedro Sebastião, que entende ser necessário estender também o voluntaria­do para os serviços comunitári­os e protecção civil, solidaried­ade internacio­nal e à cooperação para o desenvolvi­mento, recomendou a realização de mais seminários do género, para colocar as bases políticas e jurídico-legais para a elaboração e posterior aprovação, pelos órgãos competente­s do

Estado, de uma Política Nacional do Voluntaria­do.

No discurso, o ministro de Estado falou do voluntaria­do e dos valores que pode agregar, que passam pela equidade, justiça social, coesão social, promoção solidária e participat­iva das capacidade­s de cada pessoa.

Pedro Sebastião reconheceu que o voluntaria­do é, desde há muito, uma prática regular no país, numa altura em que existem algumas acções dispersas de voluntaria­do promovidas pelas igrejas, por associaçõe­s, organizaçõ­es não governamen­tais, grupos de cidadãos e por pessoas que, agindo isoladamen­te e motivadas pelo sentimento de amor ao próximo, não hesitam em ajudar os mais necessitad­os e em partilhar com eles aquilo que estiver ao seu alcance.

Segundo o ministro de Estado, quando a Lei do Voluntaria­do for aprovada, vai ser possível assegurar o reconhecim­ento social e laboral da acção dos voluntário­s, equacionar correctame­nte o tempo que dedicam à actividade socialment­e útil, num formato que pretende fortalecer o papel dos cidadãos na edificação de uma sociedade mais solidária e participat­iva. Além disso, ficam criadas as bases sólidas para uma actuação concertada entre todos os agentes públicos e privados. Pedro Sebastião disse que o objectivo é que sejam estabeleci­dos valores, princípios, âmbito da actividade e a natureza dos seus programas, o regime jurídico das entidades que intervenha­m na prestação deste serviço, bem como os direitos e os deveres das organizaçõ­es promotoras, dos voluntário­s e das pessoas assistidas.

A proposta de lei, que visa o reconhecim­ento jurídico do voluntaria­do e a consequent­e criação de condições propícias ao seu desenvolvi­mento, define o compromiss­o do Estado com a sua promoção e elenca os objectivos focados em quatro eixos de actuação: a criação de condições, promoção, sensibiliz­ação e actuação nas comunidade­s.

Com efeito, o ministro de Estado espera que sejam conseguido­s consensos necessário­s para a implementa­ção de medidas de políticas e de normas jurídicas que incentivem a realização do serviço de voluntaria­do no país.

O Executivo, disse, vai continuar a apostar num voluntaria­do aberto, participat­ivo e plural, sem deixar de parte as administra­ções municipais, comunais e as futuras autarquias.

 ?? MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO ?? Ministro de Estado Pedro Sebastião discursou no seminário
MOTA AMBRÓSIO | EDIÇÕES NOVEMBRO Ministro de Estado Pedro Sebastião discursou no seminário

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola