Pacto na FNLA sem ala de Ngola Kabangu
Duas das várias alas desavindas da FNLA assinaram ontem, em Luanda, um pacto com a actual direcção, liderada por Lucas Ngonda, para pôr fim a mais de 20 anos de desentendimentos. A ala de Ngola Kabangu, que inicialmente participou nas negociações, não assinou o pacto, por considerar que as suas posições não foram tidas em conta.
O acordo rubricado ontem, em Luanda, entre a direcção da FNLA e dois grupos de contestatários à actual liderança de Lucas Ngonda prevê a realização, no próximo mês, de um congresso extraordinário para a ratificação do entendimento e de um outro conclave para a eleição de uma nova direcção, 14 meses depois.
A informação consta de um relatório apresentado durante o acto em que foi selado o “Pacto de unidade, reconciliação e coesão interna” da FNLA. Feitas as contas, o próximo congresso ordinário do partido deverá ter lugar em Fevereiro de 2021.
O pacto foi assinado numa unidade hoteleira de Luanda pelo actual presidente da FNLA, Lucas Ngonda, e pelos líderes de dois grupos então contestatários da actual direcção, nomeadamente o “G6”, liderado por João Nascimento, e um outro encabeçado por Carlito Roberto, filho do fundador do partido, Álvaro Holden Roberto.
As negociações duraram cerca de cinco meses e foram realizados 25 encontros. Entretanto, a ala de Ngola Kabangu, que inicialmente participou das negociações, não assinou o pacto, por considerar que as suas posições não foram tidas em conta.
O presidente da FNLA afirmou que apenas está preocupado com os presentes (numa alusão aos signatários do pacto), pois, sublinhou, “os ausentes não fazem falta”. Lucas Ngonda garantiu, porém, que o pacto está aberto para todos aqueles que quiserem aderir. “Se ele (Ngola Kabangu) quiser se juntar aos seus irmãos é bem-vindo e vamos aplaudir, mas enquanto ele desaparecer, o partido continuará a sua missão”, disse
Quem também não se revê no pacto é o grupo de Fernando Pedro Gomes, que se auto-proclama presidente da FNLA, por ter sido eleito num congresso realizado em Junho do ano passado, em Luanda. Pedro Gomes, que sequer participou nas negociações, considerou as mesmas “uma encenação de aventureiros”.
O presidente da FNLA, que considerou o pacto “um compromisso de patriotas”, justificou a realização do congresso extraordinário com o facto de os estatutos do partido não preverem este tipo de compromissos. Com efeito, disse Lucas Ngonda, o conclave terá de ratificar o pacto, para depois ser submetido ao Tribunal Constitucional.
De acordo com o relatório ontem apresentado, depois deste congresso, o partido tem 14 meses para realizar um conclave electivo. Neste período de transição, o partido continua a ser liderado por Ngonda, eleito em 2015 e cujo mandato expirou em Fevereiro do ano em curso.