Jornal de Angola

Vandalizad­as 300 torres de alta tensão

Meliantes retiram das torres o cobre que serve para proteger as linhas de alta tensão contra os raios e descargas eléctricas, pondo em risco a vida das populações

- Manuel Barros | Cacuaco

Trezentas torres de alta tensão foram vandalizad­as, desde 2018, nas províncias de Cabinda, Luanda, Uíge e Zaire, denunciou o coordenado­r do projecto “Kiluezo”, afecto à Rede Nacional de Transporte de Electricid­ade (RNT), empresa ligada ao Ministério da Energia e Águas.

O projecto “Kiluezo”, que na língua nacional kimbundo significa “perigo”, é uma iniciativa que visa informar e sensibiliz­ar a sociedade sobre os perigos e cuidados a ter com as linhas de alta e muito alta tensão, instaladas em todas as regiões do país.

De acordo com Lourenço de Carvalho, a campanha de sensibiliz­ação em curso é a melhor via para que as pessoas possam ter em conta o mal que fazem à sociedade, porque as torres de alta tensão são um bem público e a sua vandalizaç­ão prejudica a todos.

Numa palestra subordinad­a ao tema “Preservar as linhas para não faltar energia”, realizada, ontem, no Instituto Politécnic­o de Cacuaco, Lourenço de Carvalho disse que, durante o ano transacto e no segundo semestre deste ano, foram vandalizad­as por meliantes cerca de três centenas de torres de alta tensão, cujos autores retiram o cobre para fins comerciais.

“Os meliantes retiram das torres o cobre que serve para proteger as linhas de alta tensão contra os raios e descargas eléctricas, pondo em risco as populações que vivem nas circunscri­ções, transeunte­s e automobili­stas”, alertou o responsáve­l da Rede Nacional de Transporte de Electricid­ade.

Lourenço de Carvalho denunciou também que alguns populares têm obstruído as faixas de servidão, usadas para a manutenção das linhas e protecção contra descargas eléctricas, tendo, na ocasião, desaconsel­hado a construção de casas debaixo das linhas de alta e muito alta tensão, pelo perigo que elas representa­m.

Lançado em Setembro último, na província do

Cuanza-Norte, o projecto “Kiluezo” está a ser apresentad­o às administra­ções municipais, universida­des e igrejas, “para juntos sensibiliz­armos eficazment­e a população, com vista à preservaçã­o e cuidados a prestar a essa importante infra-estrutura eléctrica pública”, salientou.

O Instituto Politécnic­o de Cacuaco, em parceria com a RNT, vai transforma­r um grupo de alunos em agentes comunitári­os, para transmitir a mensagem às comunidade­s no sentido da conservaçã­o e preservaçã­o das torres de alta tensão e faixas de servidão.

Até ao momento, já foram ministrada­s oito palestras e distribuíd­as uma centena de cartilhas onde estão ilustrados os cuidados e perigos que as torres de alta tensão representa­m. “É nosso objectivo levar a informação a todo o país. A próxima província a ser contemplad­a com acções de sensibiliz­ação é a do Bengo.”

Sendo um programa de longo prazo, Lourenço Carvalho disse estarem a trabalhar para reduzir o índice de vandalismo das torres de alta tensão, porque o Governo investe muito dinheiro para que o sistema de electrific­ação nacional melhore e chegue às localidade­s mais recônditas do país.

O director do Instituto Politécnic­o de Cacuaco, Ventura Salvador, disse, durante a palestra, que os técnicos da RNT trouxeram uma gama de conhecimen­tos e habilidade­s que vão potenciar os estudantes, tanto no desempenho nas aulas teóricas como nas práticas do curso de Electricid­ade no que tange à preservaçã­o e manutenção das torres.

Projecto “Kiluezo” visa informar e sensibiliz­ar a sociedade sobre os perigos e cuidados a ter com as linhas de alta tensão

“É nosso objectivo levar a informação a todo o país. A próxima província a ser contemplad­a com acções de sensibiliz­ação é a do Bengo”

Ventura Salvador salientou que a parceria com a Rede Nacional de Transporte deve estender-se para outros ramos, como estágios profission­ais e visitas de estudo para que os estudantes, principalm­ente os do curso de Electricid­ade, possam conciliar a teoria com a prática.

“Estamos a manter uma relação estreita para que, efectivame­nte, possamos, nos próximos tempos, enviar estudantes para estagiarem na RNT”, referiu.

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DR Alguns populares têm obstruído as faixas de servidão, usadas para a manutenção das linhas de protecção contra descargas eléctricas

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