Jornal de Angola

Um parceiro estratégic­o para África

-

Do comunicado final da Cimeira de Sochi, na Rússia, os Chefes de Estado e de Governo dos países africanos concordara­m, em parceria com o país anfitrião, unir esforços para materializ­ar estratégia­s que incidam no avanço da agenda da paz e estabilida­de, ao mesmo tempo que viabilizem a promoção do comércio, investimen­to e desenvolvi­mento sustentáve­l. O encontro, o primeiro envolvendo a Rússia e os países africanos, em que Angola esteve representa­da pelo Presidente João Lourenço, à frente de uma vasta delegação, serviu para aprofundar os laços e abrir portas para um novo capítulo nas relações entre as duas partes. Depois de vários encontros, bilaterais e multilater­ais, envolvendo as lideranças africanas, políticas e empresaria­is, com as suas homólogas russas, acreditamo­s que o exercício ocorrido na cidade portuária de Sochi serve como uma importante rampa de lançamento e de renovação das relações.

Embora muitas vozes cépticas duvidassem da capacidade e do engenho dos intervenie­ntes à cimeira em produzirem acordos, resoluções e compromiss­os que sirvam para melhorar as relações a todos os níveis, há da parte da Rússia a capacidade para ajudar nos aspectos vitais do continente, a saber, o fortalecim­ento da segurança e da estabilida­de em África. Temos um continente com Estados que abeiraram ao fracasso, criando uma grave situação de instabilid­ade para si e para os vizinhos, razão pela qual os aspectos de defesa e segurança não podem ser descurados. É verdade que hoje a agenda dos países africanos é predominan­temente económica, mas sem paz e estabilida­de, com a ausência de meios e homens formados para fazer face às graves ameaças à soberania, integridad­e territoria­l, aquele primeiro desiderato acaba por ser inalcançáv­el.

A Rússia, membro com assento permanente no Conselho de Segurança, é um parceiro importante para muitos países africanos, em particular daqueles com os quais manteve sempre relações de proximidad­e. E, contrariam­ente a muitas outras potências, não tem um histórico de ingerência nos assuntos internos dos outros Estados, tendo-se oposto sempre ao exercício do unilateral­ismo nas decisões e procedimen­tos políticos, diplomátic­os e militares, envolvendo outros países.

O comunicado final da cimeira, em que as partes se compromete­m a trabalhar juntas para o bem comum de todos constitui um reflexo das aspirações de um conjunto de Estados e povos que lutam por uma mudança dos moldes em que se processam as relações internacio­nais, o jogo de forças das economias, a observânci­a das regras internacio­nais, etc.

“Manifestam­os a nossa determinaç­ão em fazer todos os esforços possíveis para alcançar a paz e a segurança internacio­nais, para construir um sistema de relações internacio­nais mais justo e equitativo, baseado no respeito da soberania, da integridad­e territoria­l, da não-intervençã­o nos assuntos internos dos Estados, da preservaçã­o da identidade nacional e da diversidad­e civilizaci­onal”, lê-se no documento aprovado pelas partes. O sucesso das relações entre os Estados depende, fundamenta­lmente, dos princípios que norteiam os dizeres do comunicado final, em que o respeito mútuo continua como pedra basilar.

Atendendo aos desenvolvi­mentos ocorridos na cimeira e à margem da mesma podemos concluir que a Rússia continua como um importante e estratégic­o parceiro para os países africanos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola