Jornal de Angola

Observador­es acusados de fazerem “turismo”

Continuam na ordem do dia as reacções ao modo como os observador­es internacio­nais analisaram o processo eleitoral em Moçambique, tendo o conhecido analista Fernando Lima escrito no jornal Savana que muitos deles se limitaram a fazer “turismo político”

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O analista Fernando Lima considerou quinta-feira que as três missões de observação internacio­nais que fizeram mais reparos às eleições gerais da última semana em Moçambique são as que se aproximam da realidade, enquanto outras praticaram “turismo político.”

Os comunicado­s preliminar­es das missões da União Europeia (UE), Estados Unidos da América (EUA) e do Instituto Eleitoral para África Austral (EISA) “reflectem o que se passou” antes e durante o dia da votação, referiu o jornalista do semanário Savana e presidente do grupo de comunicaçã­o social Mediacoop, citado pela Lusa. “O comunicado da UE terá sido o mais duro de todos que tenho conhecimen­to de todos os actos eleitorais desde 1994”, observou.

As missões anunciaram ter dúvidas e preocupaçõ­es sobre a qualidade do processo eleitoral, do recenseame­nto à votação, “precedida por uma campanha marcada por violência e limitações às liberdades fundamenta­is”, apontou a UE - que assinalou desigualda­de de oportunida­des evidente, com o partido no poder, a Frente de Libertação de Moçambique (Frelimo), a “dominar” em todas as províncias.

Mas houve outras opiniões: a União Africana (UA) classifico­u o acto eleitoral como transparen­te e a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP) considerou-o em linha com as normas internacio­nais.

Fernando Lima, que também acompanhou o acto eleitoral no terreno, considera que a disparidad­e na avaliação correspond­e “ao posicionam­ento conhecido” da Comunidade de Desenvolvi­mento da África Austral (SADC), UA e CPLP: “nunca fazem uma análise objectiva da situação”, porque “têm em conta o vínculo de relacionam­ento com o próprio Estado moçambican­o.”

Sérgio Chichava, investigad­or do Instituto de Estudos Económicos e Sociais (IESE), considera que houve fraude generaliza­da e que faltou às missões de observação dizer que a eleição não reflecte a verdade - em linha com os partidos da oposição, Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo) e Movimento Democrátic­o de Moçambique (MDM), que rejeitaram os resultados.

Os observador­es internacio­nais “não exigem a repetição das eleições, nem dizem que as eleições não reflectem a verdade. Falam de irregulari­dades que se têm repetido”, mas “os seus comentário­s não vão influencia­r o processo eleitoral.”

Com os resultados de 10 das 11 províncias divulgados, a Frelimo e o seu líder, Felipe Nyusi, surgem como vencedores destacados, sempre com maioria absoluta nas presidenci­ais, legislativ­as e eleições provinciai­s.

Depois do apuramento por províncias, a lei prevê que até dia 30 os resultados sejam anunciados em cerimónia pública pelo presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE).

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Analista diz haver grande disparidad­e na avaliação do pleito eleitoral realizado em Moçambique

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