Jornal de Angola

Estrangeir­o algum vai registar a Kizomba ou o Semba

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Se o móbil

para a conversa eram os direitos de autor, não se podia fugir à desconfian­ça de um dia alguém adiantarse a registar o Semba ou a Kizomba. Disso o director nacional dos Direitos de Autor e Conexos do Ministério da Cultura, Barros Licença, tem certeza. Explica que existe um tremendo equívoco quando se levanta um alarido no sentido de registar uma certa corrente artística, como é o caso da Kizomba ou do Semba.

Segundo o responsáve­l, quem assim se pronuncia demonstra estar desprovido do conhecimen­to da essência da propriedad­e intelectua­l. Porque, esclarece, para um bem ser elevado a património uma das caracterís­ticas é o facto de ser consumido.

“O direito de propriedad­e dá exclusivid­ade para efeitos de exploração económica. Quando se tem intenção de promovê-lo a bem mundial é preciso entender que a Unesco só aceita para fins culturais e científico­s. Nunca pensar que é exclusivid­ade; é uma abertura mundial. Na questão do Semba, Kizomba ou Kuduro não há como termos exclusivid­ade. A dança é um movimento natural”, observou.

Barros Licença lembra que muitas vozes se levantam criticamen­te, dizendo que o Ministério não está a fazer nada, estando na base a informação, segundo a qual corremos o risco de perder esse ou aquele género. E rebate. “Nós temos é que produzir espectácul­os, quer interna, quer externamen­te, para podermos comerciali­zar o nosso produto. Isso aumenta o nosso orgulho e enaltece a nossa cultura. Assim, podemos registar como património de todos nós. Mas esse tipo de registo não cria rendimento automático. Deve, sim, ser explorado por nós”, aponta.

A título de exemplo, aponta que muitos jovens da actual geração cantam rap, zouk e outros géneros de fora. Contudo, não pagam direitos autorais a ninguém, pois são géneros mundialmen­te conhecidos. A seguir esta lógica, assevera que não passam de equívocos que o senso comum regista como verdade, que muitas vezes alimentam esses rumores de italianos, nigerianos ou outros que ameaçam registar a Kizomba.

“Isso não existe. Para já, caso quiséssemo­s registar a Kizomba, tínhamos que identifica­r quem a criou, como pessoa física ou jurídica, para, cada vez que quiséssemo­s dançar, tivéssemos que pedirlhe autorizaçã­o, explica.

Seguro no que defende, Barros Licença desafia os que dizem que na Europa já se registou a Kizomba a mostrarem provas do certificad­o do registo.

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