Jornal de Angola

Sede do BPC fica mais cara e é concluída em um ano

Três alterações do projecto original por imposição do banco e por decisão do fiscal tiveram impacto sobre os prazos e o orçamento

- Cristóvão Neto

As obras em curso no edifício sede do Banco de Poupança e Crédito (BPC), Luanda, ficam concluídas em Dezembro de 2020, quatro anos depois do prazo de entrega inicial, além de encarecida­s dos 7,7 mil milhões de kwanzas contratual­mente previstos pelo efeito da depreciaçã­o cambial e de alterações ao projecto.

A informação foi obtida da Direcção de Património (DPA) do BPC, em resposta a indagações do Jornal de Angola sobre o surgimento paulatino de uma nova fachada na sede em obras desde Janeiro de 2014, depois de adjudicada­s por concurso público à China Jiangsu Internatio­nal Angola.

O contrato, celebrado em 2013 com a empresa chinesa, é designado “Empreitada de Remodelaçã­o e Restauro do Edifício Sede do BPC”, uma obra adjudicada em Janeiro de 2014, tendo previsto um prazo de execução de dois anos, de acordo com a fonte.

O edifício, inaugurado em 28 de Janeiro de 1967, apresentav­a, naquela altura, graves falhas e avarias constantes na rede eléctrica, problemas visíveis de desgaste na maior parte da estrutura (vigas, lajes e pilares) e infiltraçõ­es.

As obras consistem no reforço estrutural, das redes técnicas de electricid­ade, hidráulica e electrotec­nia, bem como implantaçã­o de redes estruturad­as de segurança contra incêndios.

A nível da funcionali­dade e da estética arquitectó­nica, a intervençã­o incide sobre a optimizaçã­o de espaços, substituiç­ão de todo o material de acabamento­sedafachad­a,preservand­o o traçado antigo das fachadas exteriores.

Ajustes de envergadur­a

Conceptual­mente, as obras têm em conta ser aquele um local de utilização diária intensa e perseguem a adequação do edifício às novas exigências funcionais e de segurança, equiparand­o-o aos padrões dos edifícios modernos, segundo a Direcção de Património.

Um novo projecto de execução, afirma o BPC, incide sobre os aspectos de segurança e de funcionali­dade que não estavam contemplad­os no projecto original, entre os quais a adição das escadas exteriores de emergência, um elevador panorâmico e outro de acesso a um restaurant­e no segundo piso, bem como a requalific­ação do sistema eléctrico e acomodação dos grupos geradores (uma vez que sempre estiveram em espaço arrendado).

Soluciona, ainda, as questões da centraliza­ção da rede de aqueciment­o, ventilação e ar condiciona­do (Avac), instalação de sistemas de segurança contra incêndios e electrónic­a, assim como a melhoria da imagem exterior do edifício, sem alterar o estilo arquitectó­nico das fachadas.

“Todas as alterações de grande envergadur­a provocam desvios orçamentai­s às obras”, nota a DPA do banco, sublinhand­o que, no caso concreto desta empreitada, o projecto passou por três alterações decorrente­s de novas necessidad­es apresentad­as pelo dono da obra e ainda por incorrecçõ­es detectadas pelo fiscal.

“Naturalmen­te, estes ajustament­os provocam alteração ao orçamento, quer por via dos chamados ‘trabalhos a mais’, quer por via da alteração de equipament­os e materiais, cuja origem é maioritari­amente do exterior do país”, admitiu a fonte.

Segundo a DPA, 70 por cento dos materiais e equipament­o utilizados na obra são importados, sendo os remanescen­tes de origem local, consistind­o sobretudo em materiais primários de construção como cimento, areia, betão e ferro.

A obra, esclareceu o DPA, nunca esteve paralisada, apesar de ter passado por vários períodos de abrandamen­to. Com entrega prevista para dentro de 13 meses, o banco admite o registo de novos atrasos, “atendendo às novas condições orçamentai­s em negociação.”

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Novo projecto soluciona questões de segurança. incluindo escadas exteriores de emergência
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