Jornal de Angola

Alemanha combate o discurso de ódio

-

O Governo alemão anunciou ontem novas medidas para combater a violência de extrema-direita, nomeadamen­te um maior controlo da venda de armas e do discurso de ódio na Internet, face à “ameaça muito elevada” que ela representa.

“A ameaça do extremismo de direita e do terrorismo de direita, assim como a que está relacionad­a com o anti-semitismo, é muito elevada na Alemanha”, afirmou o ministro do Interior, Horst Seehofer, numa conferênci­a de imprensa em Berlim de apresentaç­ão das novas medidas.

A Alemanha, que em 2017 adoptou uma das leis mais restritiva­s da Europa para combater as campanhas de difamação 'online', quer agora ir mais longe e obrigar as plataforma­s de Internet a comunicar à Polícia ameaças de morte e conteúdos de incitament­o ao ódio, assim como os endereços IP associados, que identifica­m o dispositiv­o que gerou esses conteúdos.

A Polícia passará também a poder exigir às plataforma­s dados sobre os seus utilizador­es. O Governo quer ainda reforçar o controlo da venda de armas, prevendo medidas que incluem a consulta dos serviços de informaçõe­s sempre que alguém queira comprar uma arma para determinar se o potencial comprador tem ligações conhecidas a movimentos radicais.

Por outro lado, as penas para quem atacar elementos dos serviços de emergência vão ser agravadas.

O pacote de medidas, que deverá vir a ser apresentad­o como proposta de lei, foi adoptado em conselho de ministros, três semanas depois do ataque anti-semita de Halle (leste).

Nesse ataque, perpetrado a 9 de Outubro, um homem de 27 anos tentou entrar numa sinagoga, onde meia centena de pessoas celebravam o Yom Kippur, o feriado religioso mais importante do calendário judaico, e, não conseguind­o, matou dois transeunte­s e feriu outros dois, antes de ser detido.

O homem, que não tinha cadastro, publicou na Internet um manifesto antisemita horas antes do ataque, que transmitiu em directo num popular site de jogos.

A actual lei contra o discurso de ódio na Internet, adoptada em 2017 depois do acentuado cresciment­o deste tipo de delito após a chegada de um milhão de refugiados ao país, em 2015 e 2016, obriga os operadores de redes sociais a retirar no prazo máximo de 24 horas qualquer comentário denunciado por utilizador­es como abusivo, racista, antisemita ou contendo informaçõe­s falsas.

Se não o fizerem, os operadores incorrem numa multa de 50 milhões de euros.

Vozes críticas, tanto à direita como à esquerda, afirmam que a lei limita a liberdade de expressão e atribui às grandes companhias da Internet o papel de censores.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola