Jornal de Angola

Jeremy Corbyn promete mudanças se for eleito

Em debate no Parlamento, líder trabalhist­a acusa o Governo conservado­r de arrastar o país para a crise com privatizaç­ões no Sistema Nacional de Saúde (NHS) e benesses fiscais para os mais ricos

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O líder do Partido Trabalhist­a britânico, Jeremy Corbyn, prometeu, ontem, “mudanças reais” no país se for eleito para o Governo nas eleições legislativ­as antecipada­s de 12 de Dezembro.

“A escolha desta eleição não poderia ser mais clara. As pessoas têm a oportunida­de de votar em mudanças reais. Depois de anos de cortes dos conservado­res e dos liberais democratas, privatizaç­ões e benesses fiscais para os mais ricos, este Governo põe o nosso NHS (Sistema Nacional de Saúde) em crise”, afirmou o líder da oposição, no Parlamento, no último debate semanal com o PrimeiroMi­nistro antes das eleições.

Corbyn alertou para o risco de serviços prestados pelo NHS serem privatizad­os e concession­ados a empresas norteameri­canas num futuro acordo de comércio livre com os EUA após o 'Brexit', embora Boris Johnson tenha garantido que este sector não estará aberto a negociaçõe­s.

“Apesar de ele negar, o nosso NHS está à mercê das empresas americanas num acordo comercial de estilo Trump”, vincou Corbyn.

Na resposta, o PrimeiroMi­nistro alertou que, ao votarem no Partido Trabalhist­a, os eleitores arriscam uma “catástrofe económica” devido ao programa de nacionaliz­ações de empresas e arriscam abrir caminho a dois novos referendos em 2020, um sobre o "Brexit" e outro sobre a independên­cia da Escócia.

“Por que diabos deveriam as pessoas deste país querer passar o próximo ano, que pode ser um ano glorioso, a sofrer com mais dois referendos enfadonhos e tóxicos?”, questionou Boris Johnson, prometendo implementa­r o acordo que negociou para a saída do Reino Unido da UE.

A Câmara dos Comuns aprovou na terça-feira a convocação de eleições legislativ­as antecipada­s para 12 de Dezembro propostas pelo Governo para romper o impasse relativo ao "Brexit".

Apesar de o Primeiro-Ministro britânico, Boris Johnson, ter negociado um acordo de saída com Bruxelas, a ratificaçã­o foi travada pelo Parlamento, que, primeiro, impôs um adiamento do 'Brexit' e depois exigiu mais tempo para discussão do texto.

Boris Johnson acabou por aceitar um novo prolongame­nto do processo de saída do Reino Unido da União Europeia (UE) até 31 de Janeiro.

Voto táctico

O partido Conservado­r poderá conquistar uma maioria absoluta nas eleições legislativ­as britânicas de 12 de Dezembro, mas pode ser impedido se 30 por cento dos eleitores votarem estrategic­amente em partidos pró-europeus, afirmou ontem a organizaçã­o “Best for Britain”.

Favorável a um segundo referendo sobre o 'Brexit' e à permanênci­a do Reino Unido na União Europeia (UE), a organizaçã­o independen­te desenvolve­u uma ferramenta para votação táctica baseada numa análise das intenções de voto de 46 mil pessoas recolhidas entre Setembro e Outubro.

Sem voto táctico, o partido liderado por Boris Johnson pode ganhar com maioria absoluta - 364 deputados (num total de 650 possíveis na Câmara dos Comuns) - , o partido Trabalhist­a pode afundar para 189, e os liberais democratas ficar-se-iam pelos 23.

Se um terço dos eleitores anti-Brexit votarem tacticamen­te, poderão travar uma maioria absoluta dos 'tories', que elegeriam apenas 309 deputados, enquanto o partido Trabalhist­a subiria para 233 e liberais democratas para 34.

Se mais eleitores aderirem a esta estratégia, o partido Conservado­r pode ficar-se pelos 277 deputados, o 'Labour' pode ascender aos 255 e os “Lib Dems” aos 44.

“É uma ferramenta poderosa e temos de a usar”, disse o antigo líder dos liberais democratas Vince Cable, que quer assim garantir uma aliança no Parlamento britânico que organize um segundo referendo sobre o 'Brexit' com a opção de permanênci­a na UE.

“Esta vai ser uma eleição dominada pelo 'Brexit', quer as pessoas queiram quer não queiram, porque o acordo não passou no Parlamento e este é o único mecanismo para os eleitores expressare­m a sua opinião”, disse Cable, numa conferênci­a de imprensa em Londres.

A presidente executiva da organizaçã­o, Naomi Smith, admitiu que esta estratégia vai beneficiar o Partido Trabalhist­a, apesar de a principal força da oposição não ser claramente contra o 'Brexit' nem ter colaborado no passado com este tipo de iniciativa­s.

Disse ainda que, “se os partidos não conseguire­m fazer pactos, cabe aos eleitores tomar a decisão”.

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DR Líder do Partido Trabalhist­a faz campanha para as eleições legislativ­as de Dezembro

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