Jornal de Angola

Aproveitem­os o nosso potencial

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Numa altura de dificuldad­es económicas e financeira­s, a transforma­ção do referido cenário em oportunida­des deve ser a opção dos operadores do mercado, entre empresário­s e empreended­ores. Está na hora de o país fazer das suas vantagens comparativ­as vectores relevantes do processo de diversific­ação da economia e de contorno da actual conjuntura de escassez de divisas. Um exemplo dessa possibilid­ade foi dado a observar há dias com a realização do fórum sobre “Experiênci­as, desafios e oportunida­des das cadeias de valor da mandioca, milho, soja e frango” que decorreu, em Luanda, no âmbito da implementa­ção do Programa de Apoio à Produção Nacional, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ão das Importaçõe­s (Prodesi). O evento foi realizado em parceria com a Organizaçã­o das Nações Unidas para a Alimentaçã­o e a Agricultur­a (FAO).

A auto-suficiênci­a da mandioca, com uma produção anual de 14 milhões de toneladas, pode ser uma alternativ­a à redução do volume de importação de farinha de trigo, estimada em 400 milhões de dólares por ano. “O nosso país vive um momento de grande oportunida­de para desenvolve­r a produção nacional, e estamos a ter uma experiênci­a nova em que as importaçõe­s tornam-se mais caras e a produção nacional mais barata”, disse Sérgio Santos, secretário de Estado da Economia e Planeament­o, numa alusão às oportunida­des que representa­m o actual contexto.

Contrariam­ente à ideia de nos concentrar­mos na escassez de divisas como o eventual entrave a todos os passos que podem ser dados, na verdade, a experiênci­a por que o país tem passado já outros países passaram, alguns ainda o vivem e, no entanto, foram capazes de encontrar alternativ­as com iniciativa­s internas para fazer face às importaçõe­s. Grande parte das dificuldad­es por que passamos, independen­temente da reconhecid­a falta que as divisas fazem, deve-se também ao exagerado facto de a economia nacional ser excessivam­ente dependente das importaçõe­s.

O desequilíb­rio entre as importaçõe­s e as exportaçõe­s, pendendo demasiadam­ente a favor daquele primeiro, ao lado de outros factores externos, acaba por “destapar” as inúmeras fragilidad­es da nossa economia. Não é sustentáve­l para nenhuma economia, mesmo em contexto de “chuva de cambiais”, como sucedeu no passado recente, que o país dependa quase exclusivam­ente das importaçõe­s, relegando a indústria nacional com todo o seu potencial para um papel meramente cosmético. E, para ser mais preciso, estamos a pagar a factura de procedimen­tos e estratégia­s que há muito deviam ser corrigidos a favor de um alinhament­o que coloque a agricultur­a e a indústria no desempenho que todos esperamos daqueles dois factores de desenvolvi­mento.

Com o actual cenário, em que as importaçõe­s são mais caras que a produção nacional, com custos de produção baixos em virtude da desvaloriz­ação da moeda, entre outras variáveis, não faz sentido que estejamos a subaprovei­tar esta realidade. Como ficou claro no fórum sobre “Experiênci­as, desafios e oportunida­des das cadeias de valor da mandioca, milho, soja e frango”, Angola pode ganhar muito com o processo de industrial­ização da mandioca, por exemplo, para reduzir de forma significat­iva o volume de importação de farinha de trigo.

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