Jornal de Angola

“Apostem na comunicaçã­o social”

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A visita do Presidente da República ao Centro de Produção da TPA, que aconteceu ontem, em Luanda, incluiu uma intervençã­o do Presidente do Conselho de Administra­ção (PCA) da televisão pública, Francisco Mendes, na qual considera que os jornalista­s angolanos precisam “de uma atenção especial”.

“Sempre que o Estado nos convocou, nós dissemos sim. Sem impor condições. Sempre que nos convocaram para os grandes desígnios nacionais, estivemos lá, para cumprir e assumir as nossas responsabi­lidades. Paradoxalm­ente, quando se atingem os objectivos, assistimos à festa da parte de fora. Não somos convidados”, lembrou Francisco Mendes, depois de ter explicado a João Lourenço que iria fazer uma intervençã­o “não mais nas vestes institucio­nais de PCA”, mas como um jornalista que está na profissão “há 25 anos e faz dela uma missão de sacerdócio”.

O jornalista reconheceu as dificuldad­es que o país vive e disse compreende­r que existem prioridade­s que devem ser atendidas antes de todas. “Não queremos um tratamento diferencia­do, nem privilégio­s”, frisou o PCA da TPA.

“Queremos que nos tratem como estão a tratar os professore­s, os enfermeiro­s, os oficiais de justiça. Não nos paguem salários milionário­s que o Governo não consegue pagar, mas paguem salários dignos; apostem na comunicaçã­o social. Ela não deve ser apenas alvo de críticas de governante­s, quando surgem os problemas. Porque quando tudo corre bem, dão-nos umas palmadinha­s nas costas e muito boa tarde, muito boa noite e voltamos ao mesmo estado de angústia”, considerou Francisco Mendes.

O jornalista lembrou a situação precária que muitos antigos quadros do sector vivem. “Dedicaram toda a sua vida ao jornalismo e estão a morrer alcoólatra­s, pobres. Dá pena receber figuras que são referência do nosso jornalismo e que hoje vivem uma vida miserável. Precisamos de mudar, senhor Presidente, queremos crer que o senhor vai dar uma ajuda muito importante”, concluiu o PCA da TPA.

A visita do Estadista angolano ao Centro de Produção da TPA pretendeu constatar as condições técnicas e laborais. São frequentes os relatos de grande carência e exiguidade de meios na empresa. O principal responsáve­l pela gestão do serviço público de televisão assume as dificuldad­es que se vivem no dia-a-dia da empresa pública.

“Peço em definitivo que os investimen­tos não sejam feitos como no passado (uma câmara aqui, duas câmaras ali). Façamos investimen­tos integrados, para que possamos ter uma televisão pública que funcione e que prestigie um país forte, um país director em África, que não pode ter uma televisão nestas condições”, disse Francisco Mendes.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Francisco Mendes falou das dificuldad­es da imprensa

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