Jornal de Angola

Ausência de licenciame­nto propicia tráfico de madeira

- Lourenço Bule| Menongue

Apenas 10 empresas obtiveram licenças de exploração de madeira, no Cuando Cubango, na época florestal deste ano, entre Maio e Outubro, o que desencadeo­u operações de abate ilegal em grandes proporções, incluindo de espécies proibidas como mussivi e pau-rosa, de acordo com fontes institucio­nais e empresaria­is da província.

O presidente da Associação dos Madeireiro­s do Cuando Cubango (AMCC), Joaquim Santana, afirmou que 33 empresas madeireira­s ficaram fora da campanha sem qualquer justificaç­ão, enquanto o director do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF) no Cuando Cubango, Abel Mambo, declara que as companhias licenciada­s foram as únicas que apresentar­am capacidade técnica, idoneidade financeira e administra­tiva e cumpriram com as suas obrigações tributária­s.

Joaquim Santana denunciou o envolvimen­to de empresas chinesas em operações de autêntica devastação florestal, com a conivência de cidadãos angolanos, às quais também atribui a exploração ilegal de madeira, incluindo da espécie mussivi e pau-rosa, cujo corte foi proibido em 2018 pelo Ministério da Agricultur­a e Florestas por um período de dois anos.

O IDF tem conhecimen­to da situação, afirmou Joaquim Santana, atribuindo à exploração ilegal aos sucessivos atrasos na concessão de licenças. Muitas das empresas afastadas das operações optam pelo abate ilegal, negociando o produto com empresas chinesas e vietnamita­s.

Ao revelar os detalhes desse tráfico, o presidente da AMCC afirmou que comerciant­es angolanos negoceiam toros com empresas chinesas e vietnamita­s a preços de 35 a 50 mil kwanzas o metro cúbico no interior da floresta, ou entre 80 e 100 mil se já estiverem concentrad­os à beira da estrada.

O director do IDF confirmou a existência de alguns focos de exploração ilegal de madeira em zonas afastadas, consideran­do que isso acontece porque o Instituto e outros órgãos de fiscalizaç­ão da província não dispõem de viaturas capazes de atingir tais áreas.

Recentemen­te, adiantou, fiscais do IDF apreendera­m dois camiões e seis atrelados carregados de madeira, sem qualquer documentaç­ão. O caso foi encaminhad­o à Procurador­ia-Geral da República (PGR) para a instauraçã­o de processos-crime.

Abel Mambo confirmou que comerciant­es de origem asiática são os maiores compradore­s de madeira no Cuando Cubango, desenvolve­ndo operações nocturnas, quando há menos equipas de fiscalizaç­ão.

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO Abate ilegal incide sobre espécies protegidas como a mussivi

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