Jornal de Angola

Sou contra quaisquer linhas divisórias ou “Cortinas de Ferro”

Trinta anos depois da queda do Muro de Berlim, Mikhail Gorbachev alertou contra a construção de muros físicos ou invisíveis entre a Rússia e o Ocidente. Acredita que não estamos perante uma repetição da Guerra Fria

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Hoje, assinala-se uma importante efeméride. Comemoram-se 30 anos da queda do Muro de Berlim, um momento que ficou para a história e no qual Mikhail Gorbachev teve um papel essencial. O antigo líder da União Soviética sabe do que fala, quando comenta a barreira que aos poucos parece estar a ser erguida entre a Rússia e o Ocidente.

Numa entrevista concedida à Reuters, a propósito do 30º aniversári­o da queda do Muro de Berlim, Gorbachev

deixou um aviso relativame­nte à construção de muros físicos ou invisíveis semelhante­s ao Muro de Berlim entre Moscovo e o mundo ocidental.

“Qualquer muro é uma tentativa de alguém se isolar de um problema real, não o resolvendo, e é por isso que eu sou contra muros. E na Europa, sou contra quaisquer linhas divisórias ou ‘Cortinas de Ferro’”, afirmou o antigo líder soviético, que ainda assim acredita que não estamos perto de assistir a uma repetição da Guerra Fria.

“Independen­temente do quão perigosa é a actual situação, eu não acredito que seja uma repetição da Guerra Fria. Não há uma luta ideológica entre a Rússia e o Ocidente. Mas há ligações económicas, liberdade de movimentaç­ão, comunicaçã­o e convergênc­ia cultural. Por isso, estou convencido de que uma nova Guerra Fria pode ser evitada”, esclareceu Gorbachev.

No decurso da entrevista, também deixou críticas à decisão dos Estados Unidos de rasgarem o tratado que proibia os mísseis de alcance intermédio (Intermedia­terange Nuclear Forces Treaty) e que assinou em 1987, juntamente com o então Presidente norte-americano Ronald Reagan.

Gorbachev considerou que a decisão de Trump de retirar os Estados Unidos do pacto “não foi o trabalho de uma grande mente”.

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