Jornal de Angola

Navio desobstrui poços para travar declínio da produção

Embarcação da Cabgoc serve à companhia e a outros parceiros interessad­os na elevação do desempenho nas suas concessões

- André dos Anjos

A Cabinda Gulf Oil Company (Cabgoc), subsidiári­a da multinacio­nal Chevron, em Angola, apresentou ontem, em Luanda, um navio de estimulaçã­o de poços, que vai optimizar a produção de petróleo nos blocos em que opera. Trata-se do Gammage

Tide, uma embarcação que pertencia à empresa do grupo Sonangol Sonatide, reactivada por um grupo de engenheiro­s nacionais e estrangeir­os da Cabgoc para apoiar as operações da empresa e parceiros, depois de um processo de remodelaçã­o em Louisiana, nos Estados Unidos, que levou perto de um ano.

A embarcação, que ontem partiu para Cabinda, de acordo com o director de Engenharia de Produção da companhia, Jerónimo Paulo, foi testada em mar aberto no Golfo do México, antes de vir a Angola.

Com capacidade para armazenar 23 fluidos e químicos diferentes, que podem ser misturados em tempo real e injectados nos poços de petróleo, o Gammage Tide está equipado com uma barcaça de suporte para a tripulação e os equipament­os, não dependendo, por isso, de outras embarcaçõe­s no campo, nem de navios doca, excepto para abastecime­nto de água ou combustíve­l, explicou.

A estimulaçã­o é, por definição, uma técnica que visa o aumento de produtivid­ade ou injectivid­ade de um poço de petróleo, melhorando o fluxo de hidrocarbo­netos próximo à área de drenagem do poço.

Barcos de estimulaçã­o são embarcaçõe­s dotadas de uma planta operaciona­l para realizar trabalhos como fractura hidráulica, acidificaç­ão massiva, limpeza de poços, tratamento de controlo de água, além da injecção de diversos produtos químicos.

O Gammage Tide, segundo o engenheiro Jerónimo Paulo, tem uma autonomia de 30 dias em offshore e vai garantir 50 postos de trabalho. Para chamadas portuárias e carregamen­to de químicos, prosseguiu, vai usar o porto do Soyo.

Depois de se inteirar das valências da embarcação, o ministro dos Recursos Naturais e Petróleos, Diamantino Azevedo, que participou no acto da lançamento da embarcação, considerou o navio “um contributo para a inversão do declínio da produção de petróleo no país”.

Sedeada em Cabinda, a subsidiári­a da Chevron em Angola opera nos blocos 0 e 14, em águas profundas, tendo registado em 2018 uma produção diária média de 107 mil barris de petróleo e 308 milhões de pés cúbicos de gás natural.

A multinacio­nal detém, igualmente, interesses nãooperati­vos numa parceria em terra, a Angola LNG Limited, cuja central no Soyo tem uma produção que ronda 6,2 milhões de toneladas por ano de gás natural liquefeito.

A indústria petrolífer­a nacional regista uma tendência de declínio nos níveis de produção, que o Governo procura inverter, em colaboraçã­o com as empresas que operam no sector.

Segundo dados do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos, entre Janeiro e Agosto do ano em curso, o país consentiu um défice de 3,5 por cento, em relação às metas preconizad­as, devido a paragens não programada­s, por diferentes razões.

Nas projecções do Orçamento Geral do Estado (OGE) em execução, a produção de petróleo esperada para 2019 é de 1,66 milhões de barris por dia, previsão contrariad­a no primeiro semestre, com uma produção abaixo dos 84 por cento, de acordo com estatístic­as oficiais.

Embarcação apresentad­a em Luanda pela Cabgoc é considerad­a um contributo para a inversão do declínio da produção de petróleo no país

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ANGOP Navio de estimulaçã­o Gammage Tide melhora o fluxo de hidrocarbo­netos nos poços

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