Navio desobstrui poços para travar declínio da produção
Embarcação da Cabgoc serve à companhia e a outros parceiros interessados na elevação do desempenho nas suas concessões
A Cabinda Gulf Oil Company (Cabgoc), subsidiária da multinacional Chevron, em Angola, apresentou ontem, em Luanda, um navio de estimulação de poços, que vai optimizar a produção de petróleo nos blocos em que opera. Trata-se do Gammage
Tide, uma embarcação que pertencia à empresa do grupo Sonangol Sonatide, reactivada por um grupo de engenheiros nacionais e estrangeiros da Cabgoc para apoiar as operações da empresa e parceiros, depois de um processo de remodelação em Louisiana, nos Estados Unidos, que levou perto de um ano.
A embarcação, que ontem partiu para Cabinda, de acordo com o director de Engenharia de Produção da companhia, Jerónimo Paulo, foi testada em mar aberto no Golfo do México, antes de vir a Angola.
Com capacidade para armazenar 23 fluidos e químicos diferentes, que podem ser misturados em tempo real e injectados nos poços de petróleo, o Gammage Tide está equipado com uma barcaça de suporte para a tripulação e os equipamentos, não dependendo, por isso, de outras embarcações no campo, nem de navios doca, excepto para abastecimento de água ou combustível, explicou.
A estimulação é, por definição, uma técnica que visa o aumento de produtividade ou injectividade de um poço de petróleo, melhorando o fluxo de hidrocarbonetos próximo à área de drenagem do poço.
Barcos de estimulação são embarcações dotadas de uma planta operacional para realizar trabalhos como fractura hidráulica, acidificação massiva, limpeza de poços, tratamento de controlo de água, além da injecção de diversos produtos químicos.
O Gammage Tide, segundo o engenheiro Jerónimo Paulo, tem uma autonomia de 30 dias em offshore e vai garantir 50 postos de trabalho. Para chamadas portuárias e carregamento de químicos, prosseguiu, vai usar o porto do Soyo.
Depois de se inteirar das valências da embarcação, o ministro dos Recursos Naturais e Petróleos, Diamantino Azevedo, que participou no acto da lançamento da embarcação, considerou o navio “um contributo para a inversão do declínio da produção de petróleo no país”.
Sedeada em Cabinda, a subsidiária da Chevron em Angola opera nos blocos 0 e 14, em águas profundas, tendo registado em 2018 uma produção diária média de 107 mil barris de petróleo e 308 milhões de pés cúbicos de gás natural.
A multinacional detém, igualmente, interesses nãooperativos numa parceria em terra, a Angola LNG Limited, cuja central no Soyo tem uma produção que ronda 6,2 milhões de toneladas por ano de gás natural liquefeito.
A indústria petrolífera nacional regista uma tendência de declínio nos níveis de produção, que o Governo procura inverter, em colaboração com as empresas que operam no sector.
Segundo dados do Ministério dos Recursos Minerais e Petróleos, entre Janeiro e Agosto do ano em curso, o país consentiu um défice de 3,5 por cento, em relação às metas preconizadas, devido a paragens não programadas, por diferentes razões.
Nas projecções do Orçamento Geral do Estado (OGE) em execução, a produção de petróleo esperada para 2019 é de 1,66 milhões de barris por dia, previsão contrariada no primeiro semestre, com uma produção abaixo dos 84 por cento, de acordo com estatísticas oficiais.
Embarcação apresentada em Luanda pela Cabgoc é considerada um contributo para a inversão do declínio da produção de petróleo no país