Jornal de Angola

Administra­ção Geral Tributária espera arrecadar mais impostos

Supensão temporária do corte de madeira permite reorganiza­r o sector para servir de actor importante na arrecadaçã­o de receitas para desenvolve­r vários projectos económicos e sociais

- Carlos Paulino | Menongue Jornal de Angola Jornal de Angola,

A representa­ção da Administra­ção Geral Tributária (AGT), no Cuando Cubango, mostra-se particular­mente animada com a suspensão do corte de madeira, decretada pelo Governo em toda a extensão da província, por trazer ganhos significat­ivos no domínio da arrecadaçã­o de impostos para o Estado.

O responsáve­l da AGT, Estefânio de Castro, disse ao

que a exploração desordenad­a de madeira no passado dificultav­a a cobrança de receitas devidas ao Estado. Afirmou que essa medida vai, fundamenta­lmente, permitir maior organizaçã­o do sector madeireiro e mais arrecadaçã­o de receitas para o Estado implementa­r projectos de repovoamen­to florestal e o melhoramen­to da vida das comunidade­s nas áreas de exploração de madeira.

Referiu que em 2018, a província do Cuando Cuando não obteve quaisquer dividendos da exploração e comerciali­zação da madeira, situação que melhorou este ano, com o registo de mais de sete milhões de kwanzas, mesmo assim muito abaixo dos mais de 929.753 milhões, dos quais 36.753.000 de pagamento de impostos, 625.000 de multas e 267.900.000 de licenças de exploração e comerciali­zação, em 2016.

“O valor das multas é resultado de um trabalho aturado de fiscalizaç­ão dos técnicos da Administra­ção Geral Tributária, que constatara­m graves erros, durante a campanha florestal de 2016, período em que houve elevado corte de madeira”, sublinhou Estefânio de Castro.

O especialis­ta da AGT apelou a todos os madeireiro­s a se organizare­m, para trabalhare­m legalmente, pagando os impostos devidos ao Estado.

Consideran­do “ousadia” as violações, que resultaram em penalizaçõ­es, o responsáve­l da AGT no Cuando Cubango adiantou que em 2017 o pagamento de impostos, sobretudo industrial, permitiu o encaixe de mais de 39 milhões de kwanzas, mas mostrou-se preocupado com a centraliza­ção do processo de emissão de licenças de exploração, que, como disse, penaliza a província na arrecadaçã­o de receitas, “já que a maior parte das empresas não são locais e pagam os seus impostos em Luanda”.

Devastação florestal

Um técnico do Instituto de Desenvolvi­mento Florestal (IDF), contactado pelo Jornal de Angola, referiu que o corte desordenad­o de madeira, inclusive das espécies mussivi e pau-rosa, registou-se, fundamenta­lmente, durante a campanha florestal de 2016-2017, em que estiveram envolvidas 114 empresas, algumas das quais sem qualquer documentaç­ão.

“Nesse período, havia um descontrol­o generaliza­do, as pessoas não tinham nenhum conhecimen­to sobre com que tamanho se deve cortar a árvore, exploravam tudo que encontrava­m pelo caminho e, como resultado, deixaram um rasto de devastação equivalent­e a 100 mil metros cúbicos de mussivi”, referiu o técnico, que não se quiz identifica­r.

Segundo dados apurados pelo de 2016 até agora, foram exportados, a partir do Cuando Cuando, mais de 70 mil metros cúbicos de madeira, sobretudo para a China, Vietname, Namíbia, Índia e Dubai, países com grande tradição na indústria de mobiliário.

Madeira retida

Estima-se que cerca de 30 mil metros cúbicos de madeira do tipo mussivi estejam ainda retidos nas serrações e nas matas, por falta de recursos financeiro­s e licenças de exploração e comerciali­zação. No passado, as licenças eram emitidas localmente pelo IDF, com base na cota de 500 metros cúbicos para cada uma das empresas, mas estas, atraídas pelo lucro fácil, excediam o corte.

Como a maioria dos madeireiro­s depende do apoio financeiro e meios técnicos dos expatriado­s, com a retirada destes, muitos enveredara­m pela ilegalidad­e e já punham em causa a idoneidade do processo de avaliação, feito por técnicos da direcção nacional do IDF no princípio do ano.

Muitos madeireiro­s foram apanhados de surpresa. Alguns não tinham escritório, estaleiro, serração e nem equipament­os para o corte da madeira.

Das cerca de 114 empresas, apenas 10 receberam este ano licenças de exploração e comerciali­zação, gerando descontent­amento.

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CARLOS PAULINO | EDIÇÕES NOVEMBRO Responsáve­l da AGT Estefânio de Castro apela aos madeireiro­s a pagarem os impostos

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