Jornal de Angola

O Dia da Industrial­ização de África

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Celebra-se, hoje, o Dia da Industrial­ização de África, um marco importante em termos de reflexões, decisões e tomada de medidas que incidam no aproveitam­ento de todos os recursos naturais do solo africano para, como se espera, agregar-lhes valor e terem um preço justo no mercado internacio­nal.

Instituída pelas Nações Unidas em 1989, com a resolução 44/237, inicialmen­te com o objectivo de mobilizar a comunidade internacio­nal para a industrial­ização do continente africano, a efeméride constitui hoje mais do que nunca um meio e ao mesmo tempo um fim. África precisa de recorrer à sua industrial­ização para, como se disse, deixar de exportar recursos naturais brutos que acabam por retornar ao continente como produtos acabados a preços três a quatro vezes mais caros.

África precisa de evitar a contínua exportação de mão-de-obra, traduzida na exportação de bens que seriam transforma­dos e trabalhado­s no continente, dando emprego a milhares de africanos e mais-valia às economias africanas.

Os fins que a industrial­ização do continente persegue têm a ver com a necessidad­e de África sair da actual situação em que se encontra, traduzida no empobrecim­ento da população, sobretudo a rural.

Nestas zonas, urge a colocação de pequenas unidades fabris para a transforma­ção de recursos agrícolas, minerais ou florestais, entre outros, para gerar postos de trabalho e rendimento para todos.

É preciso continuar a trabalhar tendo-se como foco principal a identifica­ção das áreas prioritári­as, o estabeleci­mento de metas específica­s, a definição de estratégia­s e medidas políticas necessária­s para implementa­r a Agenda 2063, uma iniciativa da União Africana. Trata-se de um itinerário importante, traçado pelas lideranças africanas que, ao ser materializ­ado em conformida­de com as metas delineadas na agenda, vai ajudar a revolucion­ar a vida em África a muitos níveis.

Com a implementa­ção da Agenda 2063, em que a industrial­ização joga um papel importante, espera-se que o continente evolua com economias transforma­das, inclusivas e sustentáve­is, na qual as crianças, mulheres e velhos sejam protegidos, entre outros.

Nestes esforços de industrial­ização, esperamos que práticas condenávei­s como o emprego de mão-de-obra infantil, a discrimina­ção do género no emprego e no salário, a não observânci­a das leis laborais, o abuso do poder disciplina­r e outros procedimen­tos reprovávei­s façam parte do passado.

Para isso, é importante que os Estados se guiem por valores democrátic­os, pratiquem os princípios de boa governação, preservem a identidade cultural de África e respeitem o ambiente, hoje uma condição sine qua non para a continuida­de da vida na terra.

Numa altura em que o continente enfrenta o desafio da diversific­ação da economia, o processo de industrial­ização, observando todas as regras e procedimen­tos para com o ambiente, é vital para o continente promover o chamado desenvolvi­mento sustentáve­l.

Num dia como hoje, fazemos votos de que se façam as devidas reflexões para a tomada de decisões, por parte das entidades investidas de poder, no sentido de melhor servirem os interesses do continente quando se tratar da industrial­ização.

Não podemos perder de vista que, fruto das alterações climáticas, África enfrenta hoje dos seus maiores desafios quando se trata de fazer face aos seus efeitos, de garantir a segurança alimentar, lutar para a erradicaçã­o da pobreza, do desemprego.

Tendo um sector agrícola que tenha como aliado a indústria, ligeira, média ou pesada, vai ser vital para gerar cre scimento e desenvolvi­mento económicos.

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