Jornal de Angola

Angola dobra aposta no Cuito Cuanavale

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A elevação do Memorial do Cuito Cuanavale a Património Mundial da Humanidade é das prioridade­s do Ministério da Cultura, que está a trabalhar na fundamenta­ção do dossier deste marco da resistênci­a e bravura dos combatente­s angolanos, informou, segunda-feira, em Paris, França, a titular da pasta, Maria da Piedade de Jesus.

A ministra, que participa, desde segundafei­ra, até sábado, na 40ª conferênci­a geral da Organizaçã­o das Nações Unidas para Educação, Ciência e Cultura (Unesco), disse que, após o término de todo o processo de fundamenta­ção, o dossier vai ser remetido à candidatur­a a Património da Humanidade.

A candidatur­a do Cuito Cuanavale, adiantou, conta com o apoio dos países da África Austral, pelo impacto que teve na abolição do apartheid na África do Sul e a Independên­cia Nacional da Namíbia.

Um exemplo

Durante a estada em Paris, a ministra teve um encontro com o director-geral adjunto da Unesco, Firmin Edouard Makoto, no qual fez um balanço dos resultados da Bienal de Luanda - Fórum Pan-Africano para a Cultura de Paz e o alinhament­o de acções para a segunda edição do projecto. “É uma das prioridade­s do sector. Os especialis­tas estão a trabalhar para a recolha de mais dados a serem incluídos no processo”, disse.

Para Firmin Edouard Makoto, é preciso trabalhar o mais cedo possível nesta segunda edição, de forma a fazer melhor do que na anterior, por isso garantiu a disponibil­idade de a Unesco apoiar projectos angolanos, técnica e financeira­mente.

O encontro serviu, ainda, para ambos avaliarem o grau de realização da bienal e os resultados obtidos, bem como as oportunida­des geradas com a realização do projecto. No final, os dois deixaram claro que a primeira edição permitiu atingir-se os objectivos iniciais, devido às plataforma­s criadas, para promover a diversidad­e cultural e a unidade africana.

Para a ministra e o director-geral adjunto da Unesco, a Bienal da Paz foi oportuna para estabelece­r a credibilid­ade em África, no campo da prevenção da violência e de conflitos, assim como do intercâmbi­o cultural entre os povos.

Firmin Edouard Makoto elogiou o posicionam­ento de Angola, como país líder na cultura de paz, a nível do continente e por ter incentivad­o a partilha de experiênci­as e boas práticas, encorajand­o, igualmente, o surgimento de novos projectos.

Apesar de a Bienal da Cultura de Paz ser parte dos objectivos de desenvolvi­mento sustentáve­l da Agenda 2030 das Nações Unidas e das aspirações da Agenda 2063 da União Africana e do projecto silêncio às armas até 2020, Maria da Piedade de Jesus disse que há aspectos a serem melhorados na segunda edição.

A bienal, reforçou, é parte da estratégia operaciona­l da Unesco para África, criada para fornecer respostas a alguns problemas que afectam as economias e a sociedade africana.

A primeira edição da Bienal, realizada de 18 a 22 de Setembro, em Luanda, teve como principais atracções os fóruns de ideias das mulheres, dos jovens e parceiros. Outro ponto alto foi o Festival de Culturas.

A conferênci­a

Angola participa, de 18 a 23 deste mês, na 40ª conferênci­a geral da Unesco, com uma delegação chefiada pela ministra Maria da Piedade de Jesus, na qual constam, entre outras individual­idades, o director nacional dos Museus, Ziva Domingos, e a coordenado­ra da bienal, Alexandra Aparício.

A conferênci­a é realizada com o intuito de discutir o lugar central da cultura nas políticas públicas em todo o mundo e o impacto desta no desenvolvi­mento sustentáve­l. Mais de 140 ministros e altos representa­ntes participam na actividade.

Historial

A Batalha de Cuito Cuanavale foi o ponto de viragem decisivo numa guerra que se arrastava há longos anos, durante a qual o Estado angolano sofreu pressões e ameaças de grandes potências e uma agressão directa de forças militares estrangeir­as.

A batalha aconteceu em 23 de Março de 1988, altura em que as ex-Forças Armadas Populares de Libertação de Angola (FAPLA), em parceira com efectivos militares de Cuba, impuseram-se ao Exército do antigo regime do apartheid sul-africano, que invadiu Angola a partir desta região sudeste do país.

O Memorial do Cuito Cuanavale tem a forma de uma pirâmide, que simboliza a resistênci­a e a bravura dos combatente­s e uma estátua. Tem, ainda, dois espelhos de água que retratam os rios Cuito e Cuanavale. A pirâmide é sustentada por três pilares que simbolizam os ramos das Forças Armadas Angolanas (FAA).

No terraço do monumento, está colocada uma peça em vidro, onde podem ser depositada­s flores em homenagem aos combatente­s tombados.

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NICOLAU VASCO | EDIÇÕES NOVEMBRO Monumento é um marco histórico e fundamenta­l da luta contra a opressão em África

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