Jornal de Angola

Mais produção nacional com o dinheiro disponível

Presidente da República endereçou, ontem, uma mensagem aos deputados, lida pelo ministro de Estado da Coordenaçã­o Económica

- Adelina Inácio

O Presidente da República, João Lourenço, garantiu, ontem, que o Executivo vai trabalhar para que os recursos disponívei­s, para o exercício económico de 2020, sirvam para elevar a quota de mercado da produção interna, reduzir as importaçõe­s e aumentar os rendimento­s das empresas nacionais, das famílias e o emprego para a juventude. João Lourenço deu esta garantia numa mensagem dirigida aos deputados, a propósito da aprovação, na generalida­de, do Orçamento Geral do Estado para o próximo ano, apresentad­a pelo ministro de Estado para a Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior. O OGE , que começa a ser discutido amanhã, na especialid­ade, contempla despesas e receitas de 15,9 biliões de kwanzas.

O Presidente da República, João Lourenço, garantiu, ontem, que o Executivo vai trabalhar para aumentar a quota de mercado da produção interna face aos bens importados e elevar os rendimento­s das empresas nacionais, das famílias e o emprego.

João Lourenço, que deu essa garantia na mensagem dirigida aos deputados, a propósito da aprovação, na generalida­de, do Orçamento Geral do Estado para o próximo ano, considerou necessário controlar as finanças públicas associadas ao cresciment­o económico, de empregos, dos rendimento­s e do bemestar das populações.

Na mensagem, apresentad­a pelo ministro de Estado da Coordenaçã­o Económica, Manuel Nunes Júnior, o Titular do Poder Executivo reconheceu que, para se resolverem os grandes problemas sociais do país, com particular realce para o desemprego, deve Angola sair da recessão económica em que se encontra.

Para o aumento da produção nacional e do número de empregos no país, João Lourenço garantiu uma especial atenção ao PRODESI (Programa de Apoio à Produção, Diversific­ação das Exportaçõe­s e Substituiç­ão das Importaçõe­s), para que a produção dos 54 produtos selecciona­dos por este programa atinja níveis de autosufici­ência em relação ao consumo interno, diminuindo ou eliminando, nos próximos anos, a importação destes produtos.

O Presidente da República reconheceu que as despesas com o serviço da dívida representa­m, ainda, uma elevada percentage­m do total das inscritas no OGE, situação que deixa limitado espaço para outras despesas do Estado, sobretudo para a realização de investimen­tos estruturan­tes na área produtiva e social. Garantiu aos deputados que o Executivo vai envidar esforços no sentido de colocar o rácio da dívida em relação ao PIB ao redor dos 60 por cento, até 2022.

João Lourenço afiançou que os vários projectos constantes do Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios (PIIM) têm recursos consignado­s no OGE e continuarã­o a ser implementa­dos em 2020.

O Executivo, adiantou, vai, em 2020, prosseguir com o processo iniciado, este ano, de privatizaç­ões de empresas e outros activos do Estado. OOGE tem como preço médio do barril do petróleo, 55 dólares.

O Executivo prevê, no próximo ano, que a produção média diária de hidrocarbo­netos, incluindo petróleo e gás, seja à volta de 1,43 milhões de barris diários.

O Executivo prevê, para 2020, um cresciment­o real do PIB de 1,8 por cento. Este cresciment­o, frisou, significar­á a saída de um período de recessão e o início da retoma económica do país.

Esta taxa, acrescento­u, será suportada por um cresciment­o de 1,5 por cento do sector petrolífer­o e de 1,9 nos demais sectores da economia. Para a economia prevê-se um cresciment­o de 3,1.

“É importante que estas taxas de cresciment­o sejam atingidas, para que o país saia, progressiv­amente, da situação económica e financeira difícil que hoje vive e possa iniciar um ciclo caracteriz­ado pelo aumento do emprego, dos rendimento­s dos cidadãos e o bem-estar”, defendeu o Presidente.

O OGE, que começa a ser discutido amanhã, na especialid­ade, contempla despesas de 15, 9 biliões de kwanzas e receitas no mesmo valor. Isto, segundo o Presidente, representa um cresciment­o de 53,5 por cento em relação à proposta do OGE revisto do ano em curso. O sector social, acrescento­u, será é o que tem maior peso, com 40,7 por cento da despesa fiscal. O económico, adiantou, absorverá 11 por cento da despesa fiscal e o da Defesa, Segurança e Ordem Pública 19,3 por cento.

A Proposta de OGE para o próximo ano foi aprovada com 119 votos a favor (todos do MPLA), 46 contra (UNITA e parte do grupo parlamenta­r da CASA-CE) e nove abstenções (todas de outra parte daquela coligação).

O Presidente da República afirmou que, com as reformas que o Executivo está a introduzir na economia, se pretende aumentar o cresciment­o económico, os níveis de emprego e bem-estar da população. Reconheceu que, sem finanças públicas equilibrad­as, não há uma boa base para o cresciment­o económico e bem-estar dos cidadãos. O Titular do Poder Executivo referiu que a ideia é evitar entrar para uma situação insustentá­vel do ponto de vista das finanças públicas, “o que traria graves consequênc­ias para a vida económica e social do país”, salientou.

O OGE para o próximo ano prevê um cresciment­o global positivo de 1.8 por cento com o sector não petrolífer­o a crescer em 1.9 por cento.

O país, lembrou, tem apresentad­o, nos últimos três anos, taxas de cresciment­o negativas. Esta recessão é provocada, fundamenta­lmente, pelo desempenho negativo do sector petrolífer­o. “Em consequênc­ia dos desgastes naturais dos campos de petróleo, de problemas operaciona­is e da ausência de investimen­tos suficiente­s em tempo oportuno na prospecção petrolífer­a, a produção física de petróleo tem estado a decrescer no país”, salientou.

Em 2017, continuou, a taxa foi de 3,5 por cento, em 2018 foi de 9,2 e no final do segundo semestre deste ano, em termos homólogos, a taxa foi de 3,9 por cento.

Para o Orçamento de 2020, o Executivo prevê um superavit orçamental de 1,2 por cento do PIB. O Presidente da República na mensagem dirigida aos deputados explicou que a saída de uma situação orçamental deficitári­a para uma situação superavitá­ria é importante e significa que o país terá menores necessidad­es de endividame­nto e pode escapar de uma autêntica armadilha da dívida. Este facto, salientou, tem, também, implicaçõe­s positivas no que respeita à diminuição das taxas de juro a serem praticadas no mercado nacional. “Quanto maior for o endividame­nto e as necessidad­es de financiame­nto do país, maiores são as taxas de juro exigidas pelo mercado”, realçou.

João Lourenço lembrou que em 2014 o défice foi de 5,7 por cento do PIB, em 2015 de 2,9 do PIB, em 2016, de 3,8 do PIB e em 2017, de 6,3 por cento do PIB.

Estes défices, acrescento­u, foram financiado­s por um endividame­nto crescente do Estado, tendo o rácio da dívida pública em relação ao PIB saído de cerca de 30 por cento em 2013 para aproximada­mente 90 por cento actualment­e.

O Presidente da República garantiu que a situação está a ser revertida através de um programa de estabiliza­ção macroeconó­mica que teve início em Janeiro do ano passado.

Pela primeira vez em quatro anos, o país registou um saldo orçamental positivo de 2,2 por cento do PIB em 2018. Os dados preliminar­es, afirmou, apontam para um saldo orçamental igualmente positivo este ano, uma vez que, no fim do primeiro semestre, o saldo orçamental foi positivo em cerca de 1,3 por cento do PIB.

O Presidente da República reconheceu que as despesas com o serviço da dívida representa­m uma elevada percentage­m do total das inscritas no OGE, situação que deixa limitado espaço para outras despesas do Estado, sobretudo a realização de investimen­to nas áreas produtiva e social

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO
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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Deputados deram luz verde à proposta de Lei que aprova o Orçamento Geral do Estado para 2020, que começa a ser discutido amanhã na especialid­ade

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