Maka nas Lundas
Parece terem passado um bocado despercebidos para a generalidade da população angolana os últimos desenvolvimentos nas Lundas, relacionados com o alegado assalto a uma das cadeias de Saurimo, tal como reportado pelo site Makangola. Evocou-se aí o famigerado papel de um tal de “comandante Trovoada”, um delinquente que por pouco e por nada se está a transformar num herói.
Um falso herói que está a ser erguido também por causa daquilo que são as falhas da governação local. Em minha opinião, o problema das Lundas tem a ver com o surgimento do chamado protectorado e outros grupos que reivindicam mais atenção da governação aos problemas que o leste de Angola, de norte a sul, enfrenta. Não posso deixar de dizer que são legítimas as aspirações das populações ou de grupos que, em nome das populações, alegam que se deve olhar mais para aquela região. Mas os recursos que usam, a retórica política que usam e as ameaças que proferem contra as entidades do Estado representam não apenas um desafio, mas fundamentalmente uma ameaça.
O Estado angolano não pode ser ameaçado por grupos de malfeitores, de oportunistas, que nunca fizeram nada em nome do povo e falsamente pretendem em nome deste fazer passar a mensagem de que são os seus defensores. Defendo que o Governo central e o provincial devem, sim, olhar com mais atenção para os problemas que o leste de Angola enfrenta, mas não devem ceder a chantagens. Como diz a experiência popular, o mal deve ser cortado pela raiz e os que fomentam a confusão nas Lundas para a obtenção de ganhos políticos têm que sentir a mão pesada dos órgãos de defesa e segurança. A resposta aos problemas por que passam as Lundas tem sido e deverá ser dada com a contribuição e participação de todos. Todos são chamados a ajudar na melhoria da governação, inclusive com críticas, para que os decisores públicos tenham margem de manobra para a tomada das medidas mais consentâneas com a realidade. A promoção de tumultos, a rebelião contra as autoridades e outras práticas que atentem contra a ordem, segurança e tranquilidade das comunidades devem ser erradicadas, definitivamente, entre as comunidades. DAMÁSIO VENTURA Luena