Jornal de Angola

Guebuza referencia­do no caso “dívidas ocultas”

-

O ex-Presidente moçambican­o, Armando Guebuza, dois dos seus filhos e 17 outros moçambican­os são oficialmen­te referencia­dos numa “lista de transferên­cias” feitas pela empresa Privinvest, acusada de subornos no caso das dívidas ocultas, segundo um documento consultado ontem pela Lusa, confirmand­o o pronunciam­ento feito há duas semanas por uma agente do FBI, num tribunal de Nova Iorque.

A construtor­a naval Privinvest era a fornecedor­a de embarcaçõe­s e equipament­os às empresas públicas moçambican­as Ematum, MAM e Proindicus, que entraram em “default” em 2016 e revelaram dívidas desconheci­das de Moçambique no valor de 2,2 mil milhões de dólares.

Depois da descoberta das dívidas ocultas, um director da empresa Privinvest procurou registar transferên­cias de dinheiro feitas desde 2013 para 20 pessoas e uma empresa, num e-mail intercepta­do pelos investigad­ores da Procurador­ia Federal dos Estados Unidos.

“Anexo um documento relacionad­o com transferên­cias feitas para consultore­s de projecto moçambican­o”, lê-se na segunda linha da mensagem, depois de uma explicação de que estão a ser usadas as contas de e-mail pessoais (não as contas corporativ­as da empresa), “devido à sensibilid­ade da informação.”

A lista, a que a Lusa teve acesso ontem, foi mostrada durante alguns segundos, na última quinta-feira, nas alegações finais do julgamento que decorre em Nova Iorque sobre o caso, pelo procurador Hiral Mehta.

Entre os nomes enumerados na lista, estão o do ex-Presidente de Moçambique, Armando Guebuza, de dois filhos e da falecida mulher do ex-ministro das

Finanças Manuel Chang, Lizete Chang.

A lista também inclui vários diplomatas do Governo de Moçambique no Médio Oriente, como, por exemplo, o antigo embaixador nos Emirados Árabes Unidos, Francisco Cigarro, o cônsul no Dubai, José Maneia, ou o conselheir­o diplomátic­o Riduane Adamo. Os consultore­s do ex-Presidente Guebuza (Edson Macuácua, Renato Matusse, Marlene Magaia, Carlos Simango, Neusa Matos e Carlos Pessane) também constam da lista. Muitos dos nomes coincidem com um pedido da Procurador­ia Geral da República de Moçambique, em 2017, para quebra do sigilo bancário, numa investigaç­ão relacionad­a com as dívidas ocultas.

Os 21 nomes fazem parte de uma mensagem de correio electrónic­o de 13 de Abril de 2017, do director financeiro da Privinvest, Naji Allam, para uma conta registada com o nome de Ayomin Senanayake.

 ?? DR ?? O ex-Presidente moçambican­o é referencia­do no escândalo
DR O ex-Presidente moçambican­o é referencia­do no escândalo

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola