Serviço de hemodiálise chega ao Hospital Geral
Entre as prioridades do hospital, Carlos Zeca apontou ainda a montagem do sistema de triagem de Manchester, prevista para a primeira quinzena do próximo mês. O novo sistema vai permitir que cada paciente tenha uma fita de atendimento
O Hospital Geral de Luanda vai, a partir do próximo mês, contar com serviço de hemodiálise, com capacidade para atender 270 pacientes por dia, em três turnos, deu a conhecer, ontem, ao Jornal de Angola, o director da unidade sanitária.
Carlos Zeca disse que, para o efeito, foi constituída uma equipa de médicos e enfermeiros especializados, capazes de atender o serviço completo de hemodiálise, de modo a dar maior dignidade aos pacientes. Recordou que, neste momento, estão em falta as áreas de neurocirurgia, que não é feita de forma permanente, e de infecciologia, mas a intenção é pô-las a funcionar até 2020.
Entre outras prioridades, o responsável apontou a montagem do sistema de triagem de Manchester, prevista para a primeira quinzena do próximo mês. Explicou que o novo sistema vai permitir que cada paciente tenha uma fita de atendimento, com uma cor diferenciada, em função da urgência do atendimento.
Desde que assumiu a direcção do Hospital Geral de Luanda, em 2016, Carlos Zeca exprimiu satisfação pelo trabalho que tem desempenhado para melhoria dos serviços, mas reconhece que há ainda muito por se fazer para que se possa dar respostas à procura.
“Muita coisa mudou. Antes, não era possível fazer cirurgia no hospital, mas, felizmente, hoje, já é possível fazer quase todo o tipo de operação, desde a de ginecologia obstétrica, cirurgia geral e de ortopedia, sem esquecer as consultas de várias especialidades. Ganhámos autonomia organizativa, de formação e consciencialização do homem”, precisou.
No Hospital Geral, continuou, o medicamento, que antes era uma condicionante, deixou de ser preocupação e todo o paciente internado tem os fármacos disponíveis.
Relativamente ao serviço de pediatria, o director do hospital reconhece que houve melhorias, passando de 35 berços anteriores para os actuais 101. Acrescentou que neste serviço foram ainda criadas condições para que a mãe ou acompanhante da criança internada se possa manter, também, cómoda. O mesmo acontece com os pacientes adultos em estado grave.
Outra melhoria referenciada tem a ver com a capacidade de camas para internamento geral, que passou para 451, que atendem também as áreas de medicina geral, maternidade, cirurgia, ortopedia, traumatologia e outras especialidades.
Referiu que o Sistema Nacional de Saúde está organizado para áreas primária, secundária e terciária e disse que tudo depende do empenho dos gestores das unidades hospitalares e, caso todos melhorarem, é possível minimizar os problemas de saúde.
Mortes
O director-geral do HG apontou a área da maternidade como a que mais regista mortes, em função dos partos realizados em casa. Explicou que, por via disso, muitas chegam tarde à unidade sanitária e, por vezes, com hemorragia e outras complicações, tornando-se impossível salvá-las.
“A mortalidade antes estava em 8.3, mas hoje ronda os 3.5. A intenção é fazer diminuir, cada vez mais, este quadro que, geralmente, acontece nos casos intrahospitalares, associados a situações indirectas devido à chegada tardia dos pacientes ao hospital”, aclarou.
Carlos Zeca disse que, na maior parte das vezes, os pacientes aparecem com patologias pós-parto, malária, disfunção hepática e acidente vascular cerebral (AVC).
Informou que, diariamente, são realizadas de 20 a 25 partos e lembrou que, desde 2017, não tem havido necessidade de transferir pacientes para maternidades centrais ou de referência.
A média de atendimento diário, de segunda a sextafeira, é de 1.350 pacientes, e nos fins-de-semana pode chegar até aos 900.
O hospital dispõe de quatro bancos de urgência e conta com áreas de medicina e pediatria. Muito recentemente, o Gabinete da Primeira-Dama da República fez a entrega de vários bens, entre lençóis, pijamas e ainda foram criadas duas salas de bricolândia, destinadas às crianças.
Quanto ao número de médicos, o hospital conta com 67, na sua maioria nacionais, 18 cubanos e, nos próximos dias, passa a contar com mais dez chineses. No passado, havia apenas 262 enfermeiros, contra os 310 actuais. Existem ainda os técnicos de terapêutica e diagnóstico, num total de 58 profissionais.
O director Carlos Zeca disse que, em 2020, o Hospital Geral de Luanda passará a ter internato de especialidade, nas áreas de ginecologia, medicina, pediatria, ortopedia e cirurgia geral. Em termos de recursos humanos, referiu que existem melhorias, embora a unidade necessite de 1.714 trabalhadores, mas nem metade deste número possui, “mas vamos lutar para que o Hospital Geral de Luanda seja um modelo no país.”