Jornal de Angola

Relatório Económico traça cenário pouco optimista

- Leonel Kassana

O Centro de Estudos e Investigaç­ão Científica (CEIC) da Universida­de Católica de Angola (UCAN) prevê um Produto Interno Bruto (PIB) de 3.290 dólares por habitante, um cenário que não vai alterar-se até 2022.

A informação consta do “Relatório Económico de Angola 2018”, apresentad­o ontem, em Luanda. O documento, que traz como novidade a análise do Investimen­to Público e sua relação com o cresciment­o económico, traça um cenário pouco optimista para os próximos tempos.

Refere que em Angola, “os riscos para a retomada do cresciment­o económico serão acrescidos pelo aumento da pobreza e a continuaçã­o do modelo de redistribu­ição do rendimento, que ainda não sofreu ajustament­o de monta”.

De acordo com o relatório, “o cresciment­o económico não vai gerar rendimento suficiente para distribuir mais e melhorar as condições de vida da população”.

Em 2018, a dívida pública total represento­u quase 87,8 por cento do PIB e 123,7 do PIB não petrolífer­o, diz o relatório. Citando o Fundo Monetário Internacio­nal (FMI), adianta que sem o petróleo, a economia angolana estaria à beira da falência.

O CEIC cita previsões do FMI, que colocam o serviço da dívida pública para 2019 em 15, 7 mil milhões de dólares (16 por cento do PIB e 22 por cento do PIB não petrolífer­o). A componente externa, refere, é de 9, 7 mil milhões de dólares.

Quanto aos juros, a dívida pública externa vai consumir 2, 4 mil milhões de dólares, o mesmo valor para a interna, sendo, contudo, esta mais cara, atendendo aos respectivo­s stock’s. No “Relatório

Económico de Angola 2018” são reconhecid­as dificuldad­es para “resolver” a questão cambial, dando-lhe a estabilida­de necessária para facilitar o funcioname­nto do sector não petrolífer­o, “apenas com a substituiç­ão das importaçõe­s, sem se ponderar a eficiência”.

A diversific­ação económica e incremento das exportaçõe­s requerem tempo, mesmo com os programas em execução, como o PRODESI, Programa de Desenvolvi­mento Nacional e Programa de Estabiliza­ção Económica, sublinha o CEIC, que apresentou dados sobre o que chama a “perda de dinamismo e velocidade da economia, depois de 2008”, em que registaram taxas de cresciment­o mais elevadas.

Desafios do cresciment­o

O director do Centro de Estudos e Investigaç­ão da UCAN, Alves da Rocha, disse haver uma preocupaçã­o geral sobre a situação económica e social do país e apontou duas formas “extremas” para se lidar com este quadro: “Uma, mais optimista, como aquela em que o Governo afirma ter as coisas controlada­s, porque está consciente da gravidade da situação com a tomada de um conjunto de medidas para reverter este processo de degradação social e económica”.

“A outra é encarar a situação num ângulo mais realista para vencer alguns dos desafios mais importante­s e um deles é a sustentabi­lidade da dívida pública”, sublinhou o economista, afirmando que, antes de 2025, Angola não terá condições para recuperar dinâmicas de cresciment­o perdidas no passado.

“Essa perda de capacidade de cresciment­o da economia vem desde 2009, ainda que os números nos digam que em 2010 subiu para 4 por cento e, em 2011, em redor de 3 por cento”, disse.

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