Títulos de terra protegem famílias camponesas
Apesar da entrega dos primeiros títulos de terra, a satisfação não é completa no Bié. O vice-Presidente da UNACA na província afirma que se o processo se atrasar, outros camponeses vão perder as suas terras aráveis, como tem acontecido
Na província do Bié, são 200 famílias camponesas a beneficiar de títulos de terra, numa primeira fase, dentro do projecto “Minha Terra”, iniciativa do Governo Central, executada por uma Comissão Multissectorial, criada pelo Presidente da República.
Os primeiros beneficiários dos títulos de terra, entre as 200 famílias camponesas, são do município do Chinguar, comuna da Cangala, que receberam das mãos da ministra do Urbanismo e Habitação, Ana Paula de Carvalho, os primeiros 170 títulos.
Cada família está a beneficiar de um hectare de terra arável para a prática da agricultura. Os espaços, na comuna da Cangala, já foram preparados pelo Instituto
do Desenvolvimento Agrário no Bié e, como prova da sua qualidade, na campanha agrícola 2018-2019 foram colhidas no local 1.150 toneladas de milho.
O “Minha Terra” é um projecto piloto, que vai entregar títulos de terra a 200 famílias camponesas proprietárias de terrenos rurais, em cada uma das 18 províncias do país, segundo a ministra do Urbanismo e Habitação.
Ana Paula de Carvalho, que procedeu ao lançamento do projecto em Outubro passado e fez a entrega de 170 processos titulados a camponeses, na província do Bié, afirmou na altura que este número, 200, é sequencial, à medida da implementação e expansão do programa às demais circunscrições.
“É com muito desagrado que assistimos camponeses e outros cidadãos perderem parcelas de terra que são, na maioria dos casos, seus activos, para promover desenvolvimento”, disse a ministra na ocasião, tendo assegurado que, com a recepção do documento, os camponeses podem trabalhar e produzir sem receios.
Na província do Bié, estão criadas equipas técnicas de níveis provincial e municipal, que, juntas, trabalham para facilitar e acelerar o processo de emissão dos títulos de propriedade, disse, por seu lado, o director da Agricultura, Marcolino Rocha Samdemba, à margem do lançamento do projecto no município do Chinguar.
Aos beneficiários dos títulos, a ministra deixou recomendações no sentido de conservarem a documentação recebida, para que, no futuro, em caso de litígio, possam apresentar elementos de defesa.
Natural satisfação
Um dos 170 beneficiários dos títulos de terra da comuna da Cangala, Hilário Candeia, produtor de milho, afirmou que a recepção do documento representa um mecanismo para eliminar os conflitos de terra.
O camponês disse que o título traduz-se também num incentivo para aumentar os níveis de produção e, por outro, é o reconhecimento do esforço empreendido pelos operadores do campo.
Pedro Capita, outro beneficiário, aplaudiu a iniciativa e disse que, com o gesto, abre-se uma oportunidade de se recorrer a um crédito bancário.