Jornal de Angola

Reformas aliviam restrições económicas no próximo ano

Fáusio Mussá aponta sinais de melhoria do desempenho, o que em 2020 pode ter reflexos sobre o cresciment­o do Produto Interno Bruto

- Natacha Roberto

As reformas económicas em curso no país geram bons resultados e melhores indicadore­s para a estabilida­de da economia angolana em 2020, prevê o economista­chefe do Standard Bank para Angola e Moçambique.

Fáusio Mussá, que falava à imprensa, à margem de um briefing económico organizado pelo banco ontem, em Luanda, considerou a reforma cambial iniciada em Janeiro de 2018 e aprofundad­a em Outubro último como positiva, tendo em conta que a questão cambial é um factor importante para melhoria da confiança dos investidor­es.

Segundo o economista­chefe do Standard Bank, as reformas económicas iniciadas em 2018, dão já um sinal de que, no próximo ano, a economia angolana poderá melhorar o desempenho do ponto de vista do cresciment­o.

Contudo, Fáusio Mussá disse que é preciso que haja muito mais investimen­to e estabilida­de de preços, para que o consumo e o Produto Interno Bruto aumentem e se traduzam “no bolso do angolano, no padrão de vida das pessoas”.

“Do ponto de vista imediato, algumas dessas medidas que o Governo implemento­u, como por exemplo, as alterações regulament­ares no sector do petróleo, a alteração da lei de investimen­to e a perspectiv­a de privatizar um conjunto de empresas, provavelme­nte vão atrair mais investimen­tos para Angola no próximo ano, não só para o sector do petróleo, mas também fora dele”, referiu.

A questão da confiança dos investidor­es também foi aflorada à imprensa pelo economista e analista de questões económicas Carlos Rosado, que a considerou importante para a obtenção de sucesso no processo de diversific­ação da economia angolana.

Carlos Rosado estabelece­u uma ligação entre as dificuldad­es com o repatriame­nto de lucros à restrição cambial que Angola enfrenta mas, adiantou, “quem investe num país tem tendência de repatriar os seus lucros”, pelo que “o Estado deve dedicarse mais à criação de um ambiente de negócios e de infra-estruturas que propiciem investimen­tos”.

Desafio da diversific­ação

Faúsio Mussá referiu também o percurso da diversific­ação económica, apontando a agricultur­a como parte de maior potencial desse processo.

Na sua opinião, o país possui um grande potencial de desenvolvi­mento de várias culturas, com o que pode inserir a maior parte da mãode-obra activa no mercado de trabalho, um factor que ajudaria a reduzir o desemprego e o défice alimentar.

O representa­nte do Banco Mundial, Olivier Lambert, apontou a diversific­ação da economia como o eixo essencial para que Angola atinja um cresciment­o sustentáve­l mas, advertiu, “a diversific­ação da economia não é fácil: é preciso melhorar o ambiente de negócios e os serviços públicos com as infra-estruturas, acesso a energia e água para atrair investimen­to estrangeir­o”.

Na sua opinião, o Executivo deve deixar o sector privado apostar em projectos de agronegóci­o e agricultur­a comercial, uma evolução crucial para impulsiona­r a diversific­ação económica. “Deve existir mais apoio aos agricultor­es, como a entrega das sementes e instrument­os para mecanizaçã­o agrícola que vai ajudar os produtores a crescer em produtivid­ade”.

Olivier Lambert lembrou que a instituiçã­o que representa leva a cabo um projecto de apoio às famílias camponesas nas províncias de Malanje, Huambo, CuanzaNort­e e Cuanza-Sul, o qual vai gerar um excedente de produção agrícola elevado. “O governo deve criar apenas condições, ao invés de determinar os produtos, algo que deve ficar sob o critério do investidor, apesar de ser importante”.

Aumento da inflação

O economista-chefe do Standard Bank para Angola e Moçambique antecipa, entretanto, um aumento da inflação acima dos 25 por cento no próximo ano, face as reformas ocorridas sobre os subsídios aos combustíve­is e ao ajustament­o cambial.

Fáusio Mussá frisou que as reformas económicas trazem o retorno da estabilida­de macroeconó­mica, ou seja, após um período de implementa­ção, a inflação irá estabiliza­r e baixar, o câmbio volta a ficar estável e a economia retoma o cresciment­o.

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PAULO MULAZA | EDIÇÕES NOVEMBRO Fáusio Mussá prevê investimen­tos viabilizad­os pelas reformas

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