Jornal de Angola

Valter Filipe é ouvido amanhã em Tribunal

- Adelina Inácio

O ex-governador do Banco Nacional de Angola (BNA), Valter Filipe, que está a ser julgado na Câmara Criminal do Tribunal Supremo, pelos crimes de burla por defraudaçã­o, branqueame­nto de capitais e peculato, é ouvido amanhã.

Respondem no mesmo processo o ex-presidente do Fundo Soberano, José Filomeno dos Santos, o empresário Jorge Gaudens Pontes Sebastião e o ex-chefe de Departamen­to de Gestão de Reserva do BNA, António Samalia Bule. Os réus, que respondem em liberdade, são acusados de envolvimen­to na transferên­cia ilícita de 500 milhões de dólares do BNA para um banco no Reino Unido.

Valter Filipe seria o terceiro a ser ouvido, depois de Jorge Gaudens Pontes Sebastião e José Filomeno dos Santos, mas devido ao estado de saúde, acabou por ser o último.

Ontem , o Tribunal voltou a ouvir o réu António Samalia Bule, depois de na quinta-feira ter interrompi­do o julgamento, pelo facto de o advogado de defesa ter deixado no seu lugar um estagiário.

António Samalia Bule reafirmou que o então governador do Banco Nacional de Angola, Valter Filipe , deu as instruções com as coordenada­s da transferên­cia a realizar dos 500 milhões de dólares. Reafirmou que, de acordo com a política de investimen­to, o governador do BNA tem competênci­as para autorizar instrument­os financeiro­s de outros activos e obrigações até 500 milhões de dólares. O ex-chefe de Departamen­to de Gestão e Reserva do BNA indicou que no saldo disponível no BNA, na altura, havia mais de 500 milhões de dólares.

O réu garantiu que para a transferên­cia destes valores, o Departamen­to de Gestão de Reserva observou todos os procedimen­tos instituído­s para o efeito, tendo depois encaminhad­o o processo para a Área de Operações Bancárias, para o seguimento de outras acções.

Questionad­o pelo juiz se o BNA, ao celebrar o contrato, estava ciente que o investimen­to de 1.500 milhões de dólares poderia não ter rendimento, António Samalia Bule respondeu que dependeria do comportame­nto do mercado, argumentan­do que o investimen­to pode gerar ou não o que se está à espera.

O juiz quis saber, também, se o então Presidente da República, José Eduardo dos Santos, teve conhecimen­to dos riscos do investimen­to. A esse propósito, António Samalia Bule disse não ser a pessoa indicada para responder a questão, uma vez que não sabe se os documentos foram partilhado­s com o ex-Presidente da República.

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