A adaptação à crise climática
“A comunidade internacional perdeu uma oportunidade importante para mostrar uma maior ambição na mitigação e adaptação para enfrentar a crise climática”, disse, há dias, o secretário-geral da ONU, em reacção aos resultados pouco animadores da cimeira sobre o clima (COP25), que decorreu em Madrid, Espanha. Mesmo terminando depois do previsto, facto que fazia prever discussões aprofundadas e consensos alargados, na verdade, os representantes dos Estados presentes estiveram longe de produzir um documento melhor que os anteriores. Quanto aos pontos essenciais, nomeadamente a gestão dos valores relacionados com a emissão de gases com efeito de estufa, os países não conseguiram acordos consentâneos com os níveis actuais.
Há países que procuraram boicotar a agenda da cimeira com evasivas, minimização dos actuais níveis de emissão de gases com efeito de estufa, com alegações pouco construtivas relacionadas com a suposta redução de competitividade das suas economias.
É preciso que as Nações Unidas, a “madrinha” das iniciativas que visam a tomada de maior consciência sobre a problemática ambiental numa altura em que o mundo se encaminha para o ponto de não retorno, sejam mais activas. Como disse António Guterres, é preciso que os países e as suas lideranças não se rendam, que escutem mais o que a ciência diz e sejam menos condicionados na materialização da agenda política, aos interesses e grupos de pressão.
Hoje, mais do que nunca, estão visíveis em toda a parte do planeta as evidências dos efeitos das alterações climáticas que, invariavelmente, passam pela subida dos níveis de produção de dióxido de carbono.
Alguns países estão a evoluir positivamente para a chamada neutralidade carbónica, com o lançamento de datas em que, previsivelmente, serão minimizados de forma significativa os níveis de emissão de gases que contribuem para a alteração das temperaturas. É preciso que o trabalho de sensibilização continue e que as Nações Unidas sejam capazes de mobilizar as multinacionais, tal como têm feito, para que o processo de conquista da neutralidade carbónica se efective nas próximas décadas.
As economias emergentes, grande parte delas em países da África, América Latina e Ásia, que mais sofrem com as consequências das alterações climáticas, devem fazer prova do seu engenho para verem minimizados os seus efeitos. As reformas estruturais pelas quais muitos Estados passam, com investimentos nas tecnologias de informação, nas energias renováveis e no uso racional dos recursos naturais, entre outras práticas consentâneas com o contexto actual, devem ser uma opção insubstituível.
O que se aprendeu com o COP25, de positivo ou negativo, deve servir para se avançar com medidas que ajudem a minimizar grande parte dos efeitos, alguns ainda reversíveis, das alterações climáticas em todo o mundo, mas, obviamente, com particular realce para as regiões mais afectadas.
Angola, tal como numerosos países africanos, está a acompanhar com grande interesse e preocupação os desenvolvimentos relacionados com as emissões de gases com efeito de estufa, em grande medida protagonizadas pelos países mais industrializados, procurando adaptar-se à crise climática.
Mais do que esperar que os países tecnologicamente mais avançados e mais poluentes assumam as suas responsabilidades, é de todo útil e urgente que os mais afectados façam alguma coisa para ver minimizado o impacto desta c rise que se globaliza de forma agressiva. Temos de procurar adaptar-nos às alterações climáticas, de uma ou de outra maneira.