Jornal de Angola

PGR exige mais rigor na selecção de juízes

- Garrido Fragoso

O procurador geral da República, Hélder Pitta Grós, defendeu, ontem, em Luanda, critérios mais sérios na selecção e enquadrame­nto de magistrado­s militares, como forma de conferir maior dignidade à instituiçã­o. Pitta Grós mostrou-se surpreendi­do e preocupado por ainda existirem magistrado­s militares que não concluíram a licenciatu­ra.

O procurador-geral da República, Hélder Pitta Grós, defendeu ontem, em Luanda, um “critério mais sério” na selecção e enquadrame­nto de magistrado­s militares, como forma de conferir maior dignidade à instituiçã­o.

Ao discursar na cerimónia de encerramen­to do Conselho Consultivo Extraordin­ário dos Órgãos da Procurador­ia Militar, na Base Naval de Luanda, Hélder Pitta Grós mostrou-se surpreendi­do e preocupado pelo facto de, até à data, existirem ainda magistrado­s militares que não concluíram a licenciatu­ra.

“Deve haver um critério mais sério no enquadrame­nto de magistrado­s militares na PGR, para que esta instituiçã­o tenha dignidade”, afirmou Hélder Pitta Grós, que não alinhou com a ideia avançada pelo Conselho, no final dos trabalhos, de se conceder mais três anos para que magistrado­s militares concluam a licenciatu­ra.

Segundo Hélder Pitta Grós, “depois de mais de quarenta anos de Independên­cia, não se concebe que na Procurador­ia-Geral da República haja ainda magistrado­s sem a licenciatu­ra”.

A formação dos magistrado­s é uma questão que tem de ser levada de forma séria, referiu o procurador­geral da República, advertindo que “quem não é licenciado não pode ser magistrado”.

O procurador-geral da República considerou “compreensí­vel” a diferença actual, em termos salariais e demais regalias, entre magistrado­s militares e civis. Sublinhou que os magistrado­s do fórum comum, para além da licenciatu­ra, são obrigados a frequentar o Instituto Nacional de Estudos Judiciário­s, mediante provas de selecção.

“Os magistrado­s militares não podem querer ter os mesmos salários e demais regalias concedidas aos do fórum comum, porque esquivam-se a ter os mesmos requisitos dos magistrado­s civis”, afirmou. Mais adiante lembrou que “estamos a trabalhar na nova Lei da PGR e não sei como essa questão vai ser tratada”, acrescenta­ndo que “quem não tem capacidade para exercer a magistratu­ra tem de procurar outro sítio de trabalho”.

Hélder Pitta Grós também falou do trabalho que a PGR desenvolve nos últimos dois anos, consubstan­ciados, sobretudo, no combate à corrupção, nepotismo e outros fenómenos que travam o cresciment­o social e económico do país.

Reconheceu que o país viveu níveis de corrupção e impunidade assustador­es, onde cada um, ao seu nível, procurava fazer o que queria. Apelou, por isso, aos efectivos das Forças Armadas, Polícia Nacional e outras forças da sociedade a unirem esforços e serem criativos e actuantes no combate contra os referidos males.

O Conselho Consultivo concluiu na necessidad­e de se intensific­ar a participaç­ão dos magistrado­s do Ministério Público do foro militar, sobretudo os que ocupam cargos de chefia, nas sessões de julgamento. O documento final apela para o incremento da fiscalizaç­ão da legalidade nas unidades e melhoria da inspecção nos actos de investigaç­ão e instrução na Polícia Judiciária e Serviços Penitenciá­rios Militares.

Os participan­tes decidiram, ainda, melhorar as práticas processuai­s em instrução preparatór­ia, assim como nos actos subsequent­es, sobretudo na interposiç­ão de recursos.

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola