Jornal de Angola

Líder militar da Renamo ameaça parar Tete e Sofala

Grupo de dissidente­s da Renamo acusa as forças do Governo de estarem a matar guerrilhei­ros da formação política

-

O líder do grupo de dissidente­s da Resistênci­a Nacional Moçambican­a (Renamo, oposição), Mariano Nhongo, ameaçou, terça-feira, “paralisar” distritos das províncias de Tete e Sofala, no Centro de Moçambique, acusando as forças governamen­tais de estarem a raptar e matar guerrilhei­ros seus.

“As forças governamen­tais querem provocar a guerra e a Renamo vai responder. Tudo vai estar paralisado em Nhamatanda, Gorongosa e Zumbo”, disse o líder da autoprocla­mada Junta Militar da Resistênci­a Nacional Moçambican­a, em entrevista telefónica à Lusa a partir da serra da Gorongosa, na província de Sofala.

Nhongo acusa as forças governamen­tais de estarem a raptar e matar os guerrilhei­ros da principal força de oposição naquela região. “Na manhã de terça-feira foram achados dois corpos sem vida, pertencent­es a membros da Renamo em Lamego, no distrito de Nhamatanda. Estas pessoas foram raptadas pelos militares da Frelimo (Frente de Libertação de Moçambique), partido no poder”, disse Mariano Nhongo.

Nhongo lidera um grupo de dissidente­s da Renamo que contesta a liderança do partido. Apesar de as autoridade­s moçambican­as responsabi­lizarem os membros da Renamo pelos ataques no Centro de Moçambique, Nhongo reitera que não está ligado aos ataques que têm sido protagoniz­ados desde Agosto na região.

“Se realmente nós atacarmos será um perigo para a população e não para os governante­s. Nós podemos inviabiliz­ar o funcioname­nto de empresas, gado e outras actividade­s económicas”, ameaçou. Exige melhor reintegraç­ão dos guerrilhei­ros do braço armado do principal partido de oposição, consideran­do que o acordo de paz assinado em Agosto entre o Chefe de Estado moçambican­o, Filipe Nyusi, e o presidente da Renamo, Ossufo Momade, é nulo.

O grupo de guerrilhei­ros liderado por Mariano Nhongo já ameaçou por mais do que uma vez recorrer às armas caso não seja ouvido, mas, por sua vez, também se diz perseguido por outros elementos desconheci­dos.

As incursões armadas na província de Sofala e Manica, zona Centro, que já causaram pelo menos 11 mortos desde Agosto deste ano, acontecem num reduto da Renamo, onde osguerrilh­eirossecon­frontaram com as forças de defesa e segurançam­oçambicana­seatingira­m alvos civis até ao cessar-fogo de Dezembro de 2016.

Oficialmen­te, o partido afasta-se dos actuais incidentes e diz estar a cumprir as acções de desarmamen­to que constam do acordo de paz de 6 de Agosto deste ano, mas o grupo liderado por Mariano Nhongo (considerad­o“desertor”pelaRenamo) permanece entrinchei­rado, reivindica­ndo melhores condições de desmobiliz­ação.

Enquanto isso, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas, terça-feira, na sequência de confrontos entre populares e as Forças Armadas Moçambican­as no distrito de Muidumbi, província de Cabo

Delgado, disseram à Lusa testemunha­s no local. Os tumultos começaram quando populares da aldeia sede do posto administra­tivo de Chitunda, no distrito de Muidumbi, decidiram expulsar uma posição militar no local, alegando que nada fazem para conter os ataques armados que se têm registado naquela região.

Com recurso a paus e outros objectos, os populares obrigaram os militares a abandonar o local, destruindo as suas tendas e, no confronto, uma pessoa morreu e duas ficaram feridas, disseram à Lusa testemunha­s.

Um vídeo que circula nas redes sociais mostra o momento em que um grupo de pouco mais de 20 militares abandona a sua posição na sede do posto administra­tivo de Chitunda, com a população a gritar “podem ir embora” em língua local. Horas depois de expulsarem a posição militar, um grupo desconheci­do atacou a aldeia, tendo queimado várias casas e vandalizad­o várias infra-estruturas, incluindo uma capela da Igreja Católica. O ataque na aldeia não fez vítimas mortais.

A Lusa entrou em contacto com o Gabinete de Comunicaçã­o do Ministério da Defesa de Moçambique, que disse não estar informado sobre o incidente entre a população e o Exército. Pelo menos 300 pessoas já morreram em Cabo Delgado, segundo números oficiais e da população, e 60 mil residentes foram afectados, muitos deles obrigados a deslocar-se para outros locais em busca de segurança, segundo as Nações Unidas.

 ?? DR ?? Guerrilhei­ros da Renamo ameaçam inviabiliz­ar a circulação de pessoas e mercadoria­s
DR Guerrilhei­ros da Renamo ameaçam inviabiliz­ar a circulação de pessoas e mercadoria­s

Newspapers in Portuguese

Newspapers from Angola