Catarina da Gama recebe onda de solidariedade
No hospital público Steve Biko foi aberto um inquérito para se investigar a denúncia de agressão física de uma enfermeira à adolescente
Cláudio António, angolano, estudante na África do Sul, lançou, terça-feira, uma campanha na Internet para angariar ajudas para Catarina da Gama, que desde o dia 5 de Dezembro está internada no Hospital Steve Biko, na cidade de Pretória.
O jovem de 24 anos prontificou-se a apoiar a menina, na segunda-feira, tão logo soube, através de um amigo, que duas angolanas, mãe e filha, estavam a experimentar imensas dificuldades por não falarem inglês.
Numa conversa, via WhatsApp, o estudante de Gestão garantiu ao Jornal de Angola ter recebido já “muitas ajudas de várias pessoas”. Cláudio está a captar ajudas na África do Sul e em Angola. Primeiro, abordou pelas redes sociais os seus amigos e familiares “para arrecadar valores monetários e alimentos que elas bem precisam. O dinheiro poderá servir para elas irem para o Brasil…”, perspectiva.
“Recebi as informações e logo de seguida, não pensando duas vezes, entrei em contacto com mais pessoas envolvidas e vim para o hospital, pois diziam-me que a situação da menina estava mal, por falta de um tradutor e que se ouviam queixas de agressões da parte de uma enfermeira”, contou Cláudio António.
No hospital público Steve Biko, segundo Cláudio, sugeriu a um responsável do corpo clínico que se abrisse um inquérito para investigar a denúncia de agressão física de uma enfermeira à Catarina.
“Até ontem (terçafeira), a enfermeira não tinha aparecido no hospital para ser questionada. Suponho que ainda esteja de folga por trabalhar no fim-desemana”, disse.
Ainda de acordo com Cláudio, o médico com quem conversou garantiu-lhe que o estado de Catarina “é estável”, mas, desde ontem, começou a fazer sessões de quimioterapia. Mais informações sobre o estado clínico dela teremos amanhã, quando o doutor fizer o diagnóstico para saber se precisará de uma cirurgia”, adiantou.
O apoio e a presença de Cláudio devolveram algum ânimo à Catarina, que, na terça-feira, conversou connosco e mostrou-se mais animada e sorridente.
Acção isolada
Cláudio António manifesta que abraçou a causa de Catarina por ser angolano e porque está talhado para fazer o bem. “Estou disposto a fazer o que for possível para ajudar esta linda menina, na sua recuperação, devolverlhe o seu lindo sorriso e darlhe a alegria de poder estar, outra vez, entre os irmãos e amigos”, almeja.
Dentro do espírito de ajuda ao próximo, Cláudio escreveu no WhatsApp, “Caros e pacatos cidadãos, venho, por esta via, enviar-vos as coordenadas bancárias da mãe da nossa querida menina Catarina, de modo a arrecadarmos algum valor monetário para ajudá-las a irem para o Brasil o quanto antes. De salientar que toda e qualquer pessoa que ajudar será adicionada a um grupo no WhatsApp, onde poderá ver todos os dias os extractos, de modo a ter acesso às informações sobre os valores. Sem mais nada a acrescentar de momento. Saudações”.
Ana António Miguel tem o seguinte IBAN: 001000420198052001137, conta domiciliada no Banco de Poupança e Crédito.
Embaixada envia emissários
A Embaixada de Angola na África do Sul enviou três supostos funcionários para convencer Catarina e a mãe a permanecerem em Pretória, alegando que em Angola as coisas estão difíceis.
De acordo com Ana Miguel, os três supostos emissários proferiram palavras pouco amistosas e muito desencorajadoras. “A Catarina começou a gritar dizendo que não queria mais estar aqui”, contou. Na tentativa de acalmar a menina de 10 anos, “disseram-me que uma criança não pode viajar duas vezes”, mensagem que não a convenceu.
Bastante irritada, Ana Miguel disse que aquelas pessoas foram para lá “para nos intimidar. Eu disse-lhes mesmo que eles só vieram ver-nos devido ao que saiu no Jornal. Eles não estavam preocupados em saber do estado da Catarina, nem da enfermeira que lhe bateu...”, lamentou. Até ao fecho desta edição não tivemos qualquer informação proveniente da missão diplomática de Angola em Pretória, como se esperava.