Jornal de Angola

Cacuaco e Viana vão ter hospitais de referência

PRESIDENTE DA REPÚBLICA AUSCULTA PROBLEMAS DE LUANDA

- João Dias

O Presidente da República, João Lourenço, orientou, ontem, a construção, no próximo ano, de duas unidades sanitárias da dimensão do Hospital Geral de Luanda, em Cacuaco e Viana, dos mais populosos municípios do país e com uma gritante carência de estabeleci­mentos de saúde. O anúncio foi feito pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, na sequência da apresentaç­ão ao

Chefe de Estado, pelo governador provincial de Luanda, Sérgio Luther Rescova, de um memorando sobre os problemas essenciais de Luanda. Por sua vez, o governador lembrou que o cresciment­o demográfic­o da capital do país não foi acompanhad­o, na mesma proporção e velocidade, do aumento das estruturas sanitárias. Luther Rescova queixou-se, por outro lado, de “conflitos de competênci­a” na gestão das estradas e da existência de gabinetes que causam “confusão” na atribuição de títulos de superfície. Esses gabinetes, segundo Sérgio Luther Rescova, emitem títulos de direito de superfície, concedem terras, fazem loteamento­s, desalojam populações, mas sempre que há problemas é o nome do Governo Provincial que vem à baila.

O Presidente da República, João Lourenço, orientou ontem, para o próximo ano, a construção de dois hospitais da dimensão do Hospital Geral de Luanda nos municípios de Viana e Cacuaco, dos mais populosos do país e com mais carência de estabeleci­mentos de saúde.

O anúncio foi feito pela ministra da Saúde, Sílvia Lutucuta, no termo da reunião que o Chefe de Estado manteve com o Governo Provincial de Luanda, na sede do GPL.

Segundo a ministra, cada um dos hospitais terá uma capacidade de 300 camas.

“Conhecemos os problemas em toda a sua dimensão. Olhamos para a densidade populacion­al, o perfil epidemioló­gico e o número de unidades sanitárias existentes para fazer-se a definição dos projectos que teriam prioridade no PIIM(Plano Integrado de Intervençã­o nos Municípios)”, disse, lembrando que Luanda foi a província que ficou com a maior fatia do PIIM e tem, neste momento, 41 projectos, com atenção especial para a rede primária de saúde.

“Algumas dessas questões serão resolvidas com o PIIM, mas o grande ganho são os hospitais a serem construído­s em Luanda. Quanto aos concursos públicos de 2018, Luanda foi a província que absorveu mais quadros. O processo há-de continuar e em 2020 voltamos a Luanda, porque queremos abrir unidades novas com recursos humanos”, sublinhou.

O anúncio surgiu na sequência da apresentaç­ão ao Chefe de Estado de um memorando sobre os problemas essenciais de Luanda, apresentad­o pelo governador

Sérgio Luther Rescova.

O governador lembrou que o cresciment­o demográfic­o da capital não foi acompanhad­o, na mesma proporção e velocidade, do aumento das estruturas sanitárias e também médicas e medicament­osas.

Essa situação, disse, agrava a já difícil condição de atendiment­o da população, que enfrenta problemas de habitabili­dade e salubridad­e, realçando que os principais indicadore­s continuam muito abaixo dos padrões exigidos.

Actualment­e, acrescento­u, por cada 10 mil habitantes, Luanda apresenta um rácio de 0,77 médicos/10 mil habitantes, quando o padrão é de 5 médicos/10 mil habitantes. Quanto a enfermeiro­s, o ideal é de 23 por cada 10 mil habitantes.

Segurança dos títulos de concessão

O governador apresentou um memorando síntese, que espelha as linhas gerais e essenciais sobre a gestão de Luanda, tendo como base o Plano Director Geral de Luanda 2015 - 2030 e o Plano de Desenvolvi­mento Provincial de Luanda 2013 - 2022. Entre os aspectos preocupant­es no domínio institucio­nal, o governador defendeu ser necessário imprimir uma reforma na gestão documental para a garantia da segurança dos títulos de concessão de direitos fundiários.

Outra preocupaçã­o levantada pelo governador tem a ver com o facto de, no domínio económico e produtivo, estar a assistir-se ao encerramen­to de muitas empresas. Este cenário tem provocado deslocaçõe­s da força de trabalho do sector formal da economia para o informal. Uma das medidas para contrapor isso, disse, passa pelo reforço da produção interna, devolução da liquidez às empresas com a retoma do crédito e diversific­ação das opções de capitaliza­ção das empresas e pagamento, pelo Tesouro, dos atrasados às empresas.

Economia e Finanças

Luanda arrecadou, até Novembro deste ano, 3.8 mil milhões de kwanzas, o que representa uma variação positiva em relação ao ano passado na ordem dos 62 por cento.

Segundo Sérgio Luther Rescova, o cresciment­o da receita comunitári­a derivou essencialm­ente da implementa­ção do portal do munícipe e da concretiza­ção da garantia do retorno da receita. Sublinha que esta receita não foi acompanhad­a do aumento proporcion­al da dotação orçamental inscrita nessa fonte de recurso, o que faz com que parte consideráv­el desses recursos não possa ser executada por insuficiên­cia orçamental.

O governador assinalou que o orçamento para Luanda devia estar próximo dos 199,8 mil milhões de kwanzas, mas para o orçamento inscrito em 2019 apenas estão 164 mil milhões. Relativame­nte à execução orçamental, sublinhou que está na ordem dos 210.9 mil milhões de kwanzas, embora esse cresciment­o na dotação orçamental inscrita não se tenha traduzido num maior nível de execução.

Luther Rescova recordou que de Janeiro a Novembro, o Governo Provincial, enquanto Unidade Orçamental, não beneficiou de qualquer quota financeira. Luanda tem no PIP(Programa de Investimen­tos Públicos) 313 projectos, dos quais 268 acções têm inscrição orçamental em 2019. Destes, 192 estão afectos às administra­ções municipais e 66 ao GPL, dos quais apenas 50 estão em curso.

Macro-drenagem e grua do Prenda

O Governo Provincial de Luanda solicitou o apoio do Ministério da Construção e Obras Públicas para a retirada da grua junto aos lotes do Prenda. O ministro da Construção e Obras Públicas, Manuel Tavares de Almeida, disse que foram feitos convites a três empresas para apresentar­em propostas, com as quais se pretende estudar soluções mais económicas para a remoção da grua, evitando o realojamen­to da população.

A macro-drenagem consta do Plano Especial de Obras Públicas do sector, embora o Governo Provincial de Luanda também tenha programas para o efeito.

Quanto à via Camama Viana, o ministro disse que é uma obra que, além de exigir trabalhos estruturan­tes, requer uma macro - drenagem. “É um contrato que exige muitos recursos. Como solução, deve ser enquadrado no PIIM e, com isso, adoptar uma solução que vá assegurar o tráfego provisório entre Viana e Camama até que arranque o projecto definitivo”, esclareceu.

Relativame­nte ao sistema de drenagem de águas pluviais e residuais, Sérgio Luther Rescova admitiu que é deficitári­o por falta de planos urbanos, fraco investimen­to nas infra-estruturas e falta de coordenaçã­o dos actores do Estado.

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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO Presidente da República, João Lourenço, durante a visita a uma fábrica de produção de oxigénio industrial e medicinal em Viana
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KINDALA MANUEL | EDIÇÕES NOVEMBRO João Lourenço ouviu ontem as principais inquietaçõ­es do Governo Provincial nos domínios do saneamento básico e outros

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