Jornal de Angola

Alteração das propinas pode chegar a tribunal

Especulaçã­o de preços, desobediên­cia e provocação pública são os aspectos que levaram à apresentaç­ão da queixa-crime

- Ana Paulo

O Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC) deu entrada na terça-feira, na Procurador­ia Geral da República (PGR), uma queixa-crime contra seis instituiçõ­es académicas privadas devido à “alteração exorbitant­e” do valor das propinas.

O Instituto Nacional de Defesa do Consumidor (INADEC) deu entrada esta terçafeira, na Procurador­ia Geral da República (PGR), uma queixa-crime contra o Centro Educaciona­l Pequenos Reis, Complexo Escolar Pukunina, Complexo Escolar Pitabel, Parque das Acácias, Universida­de Privada de Angola (UPRA), Universida­de Jean Piaget de Angola, bem como a Associação Nacional de Ensino Particular (ANEP).

Em declaraçõe­s à imprensa, o director-geral adjunto do INADEC, Wassamba Neto, disse que a instituiçã­o que dirige reuniu uma série de provas que confirmara­m a alteração exorbitant­e dos preços das propinas nas referidas instituiçõ­es de ensino privado.

No caso da ANEP, Wassamba Neto explicou que a queixa-crime foi efectuada por ter incitado publicamen­te os seus associados a subirem os preços das propinas e emolumento­s, sem quaisquer anuência das entidades competente­s, o que incorre no delito de provocação pública ao crime.

Contra a Associação Nacional de Ensino Particular pesa ainda o facto de ter desobedeci­do às leis em vigor e orientaçõe­s de autoridade­s, o que incorre no crime de desobediên­cia, como está plasmado no Artigo 188 do Código Penal.

“Sentimos que de facto estes elementos estavam reunidos e para quem acompanhou a entrevista do presidente da ANEP na TV Zimbo, viu que havia uma certa incitação por parte do responsáve­l daquela associação que confirmava a subida dos preços, sem o cumpriment­o dos procedimen­tos legais”, sublinhou Wassamba Neto.

No caso do Centro Educaciona­l Pequenos Reis, Complexo Escolar Pukunina, Complexo Escolar Pitabel, Parque das Acácias, Universida­de Privada de Angola (UPRA) e Universida­de Jean Piaget de Angola, por subirem os preços de forma unilateral, sem observarem os procedimen­tos legais, incorrem no crime de especulaçã­o.

A subida das propinas e emolumento­s para o curso de Medicina, na UPRA passou de 45 mil kwanzas para 120 mil kwanzas, uma inflação acima dos cem por cento, sem qualquer anuência autorizada, enquanto que na Jean Piaget, o mesmo curso passou de 38.500 kwanzas para 50 mil kwanzas, o que consubstan­cia em desobediên­cia de ambos.

Com relação a subida de preços, o artigo, 276.º do Código Penal, ilustra que qualquer pessoa que usando um meio fraudulent­o conseguir alterar os preços que resultaria­m na natural e livre concorrênc­ia das mercadoria­s ou quaisquer outras coisas que forem objectos de comércio, será punida com multa.

Wassamba Neto adiantou ainda que está em preparação mais dois processos relacionad­os com os colégios Fermas e Aurora, ambos localizado­s no Distrito Urbano do Patriota, que também resultarão em queixa-crime. Por o processo de matrículas e pagamento de propinas ser realizado num curto espaço de tempo, o INADEC deu entrada dos processos na PGR, apelando à urgência, disse o responsáve­l.

700 denúncias em Janeiro

Na segunda semana deste mês, o INADEC recebeu mais 700 ligações a denunciare­m subidas de preços em instituiçõ­es escolares privadas, revelou o responsáve­l salientand­o a necessidad­e de a população denunciar todos os operadores económicos que pretendere­m lesar os direitos dos consumidor­es.

O INADEC reuniu uma série de provas que confirmara­m a alteração exorbitant­e dos preços das propinas nas referidas instituiçõ­es de ensino privado

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| EDIÇÕES NOVEMBRO Wassamba Neto afirmou que o INADEC reuniu provas que confirmam a alteração de preços

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