Jornal de Angola

UNITA pede anulação do concurso na CNE

- Bernardino Manje

O líder da UNITA defendeu ontem, em Luanda, a anulação do concurso público curricular que resultou, na quarta-feira, na designação de Manuel Pereira da Silva no cargo de presidente da Comissão Nacional Eleitoral (CNE).

Adalberto Costa Júnior, que discursava na cerimónia em que recebeu cumpriment­os de ano novo de dirigentes e militantes do partido, bem como de alguns membros do corpo diplomátic­o e da sociedade civil, afirmou que Manuel Pereira da Silva é "um cidadão contestado e envolto em polémicas" para uma tão distinta e sensível instituiçã­o como é a CNE.

Para o líder do maior partido da oposição, a designação de Manuel Pereira da Silva “é um péssimo indício perante os desafios de credibilid­ade e transparên­cia dos processos eleitorais”, acrescenta­ndo que “o interesse público foi sufocado pelos interesses privados e de grupo”.

Na óptica de Adalberto Costa Júnior, isso obriga a uma anulação do concurso público conduzido pelo Conselho Superior da Magistratu­ra Judicial, em respeito ao Estado de Direito que se pretende edificar no país. “Esperamos, do Titular do Poder Executivo, a anulação deste concurso”, afirmou.

Além de Manuel Pereira da Silva, que venceu com 87 pontos, participar­am do concurso Sebastião Diogo Jorge

Bessa, Agostinho António Santos e Avelino Yululu, que tiveram 61, 54 e 48 pontos, respectiva­mente.

Combate à corrupção

O processo de combate à corrupção, levado acabo pelas instituiçõ­es do Estado foi outro assunto mencionado no discurso do presidente da UNITA. Adalberto Costa Júnior considera que o processo não está a ser transparen­te, porquanto nem todos os que desfalcara­m os cofres do Estado estão a ser alvo dos órgãos de Justiça.

“O combate à corrupção, para ter eficácia real, vai obrigar a retirar dos esconderij­os ou das gaiolas protegidas, muitas vezes pelas próprias instituiçõ­es, os senhores e ilustres e os menos ilustres que depauperar­am o Estado (...). E o Governo dever fazer deste um processo totalmente transparen­te”, defendeu.

Para Adalberto Costa Júnior, se todos os que não conseguem justificar o seu património, devolvesse­m ao tesouro uma parte do que roubaram, Angola sairia da recessão económica em que se encontra pelo quarto ano consecutiv­o.

Aliás, acrescento­u, o país teria fundos bastantes para financiar o empresaria­do nacional e criar empregos, investir na economia e na melhoria dos serviços e não precisaria do FMI ou de empréstimo­s que, na sua óptica, estão a descaracte­rizar totalmente a função do OGE, tornando-o um referente ineficaz para a realização do país.

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