Isabel dos Santos admite concorrer ao cargo de PR
A empresária Isabel dos Santos admitiu, quarta-feira, em entrevista à RTP, a possibilidade de concorrer ao cargo de Presidente da República.
“Farei tudo o que terei de fazer para defender e prestar os serviços à minha terra, ao meu país”, disse a empresária, a viver no estrangeiro há mais de um ano.
A Constituição de Angola não admite candidaturas independentes. As candidaturas são entregues pelos partidos, sendo eleito Presidente da República o cabeça de lista do partido mais votado.
A filha do ex-Presidente da República disse “estar a ser perseguida pela Justiça” e que faria “tudo” o que tivesse de fazer “para defender e prestar serviços” ao país.
Durante a entrevista, em Londres, o jornalista perguntou: “Isso inclui ser Presidente?”. “É possível”, respondeu. “Não podemos utilizar a corrupção, ou a luta contra a corrupção, ou a suposta luta contra a corrupção, de forma selectiva para neutralizar o que achamos que podem ser futuros candidatos políticos. (…) O que se está a fazer hoje em Angola são processos políticos, são processos selectivos, que têm a ver com a luta de poder com o MPLA”, disse.
A empresária considera que o MPLA, nos últimos dois/três anos, teve um balanço económico e social “muito fraco”. “Não apresenta resultados. Estamos a chegar a um sistema em que o país pode estar em bancarrota”, referiu.
Intencão impossível
A pretensão de Isabel dos Santos concorrer às eleições gerais, como manifestou em entrevista à RTP, não será possível por via do MPLA, disse o secretário para os Assuntos Políticos e Eleitorais.
Falando, ontem, à imprensa, Mário Pinto de Andrade esclareceu que os estatutos do MPLA determinam que o presidente do partido é, automaticamente, o candidato natural e cabeça de lista às eleições presidenciais. O político acrescentou que o MPLA tem regras e estas estão plasmadas nos estatutos.
“Se ela quiser ocupar o lugar do pai, acredito que não será por via do MPLA”. O político ressaltou que o desejo manifestado pela engenheira Isabel dos Santos só será possível fora do MPLA, por via de outras forças políticas.
Mário Pinto de Andrade referiu que os cidadãos são livres de sonhar, mas sublinhou que, ao manifestar tal pretensão, Isabel dos Santos mostrou não conhecer bem os estatutos do MPLA.
A uma pergunta se por via da criação de um partido político Isabel dos Santos pode realizar o desejo, Mário Pinto de Andrade disse tratar-se de um assunto que diz respeito apenas a ela.
Entretanto, disse haver acções possíveis apenas de serem realizadas à luz da realidade política de cada país e, no caso do nosso, as pessoas, antes de pretenderem ser candidatas às eleições presidenciais, têm de olhar primeiro para o que a Constituição diz.
O político esclareceu que a Constituição angolana estabelece, no quadro do sistema político, que um candidato, para ser presidenciável, seja quem for, tem que ter o suporte de um partido político. Em relação à acusação feita por
Isabel dos Santos, segundo a qual o processo judicial de que está a ser alvo tem motivações políticas, Mário Pinto de Andrade disse não corresponder à verdade e a seguinte pergunta: “Por que razão, quando muita gente neste país começou a fazer riqueza incomensurável, também não se disse que era por motivação política?”